/*! This file is auto-generated */
.wp-block-button__link{color:#fff;background-color:#32373c;border-radius:9999px;box-shadow:none;text-decoration:none;padding:calc(.667em + 2px) calc(1.333em + 2px);font-size:1.125em}.wp-block-file__button{background:#32373c;color:#fff;text-decoration:none} [{"@context":"https:\/\/schema.org\/","@type":"BlogPosting","@id":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/2023\/07\/20\/mortes-violentas-intencionais-no-pais-caem-24-em-2022\/#BlogPosting","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/2023\/07\/20\/mortes-violentas-intencionais-no-pais-caem-24-em-2022\/","inLanguage":"pt-BR","mainEntityOfPage":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/2023\/07\/20\/mortes-violentas-intencionais-no-pais-caem-24-em-2022\/","headline":"Mortes violentas intencionais no pa\u00eds caem 2,4% em 2022","description":"A taxa de mortes violentas intencionais caiu 2,4% no pa\u00eds em 2022 na compara\u00e7\u00e3o com 2021. S\u00e3o consideradas mortes violentas n\u00e3o intencionais aquelas decorrentes de homic\u00eddios dolosos, latroc\u00ednio, les\u00e3o corporal seguida de morte, interven\u00e7\u00e3o policial e morte de policiais. Os dados, divulgados hoje (20), s\u00e3o do Anu\u00e1rio Brasileiro de Seguran\u00e7a P\u00fablica 2023, do F\u00f3rum Brasileiro","articleBody":"A taxa de mortes violentas intencionais caiu 2,4% no pa\u00eds em 2022 na compara\u00e7\u00e3o com 2021. S\u00e3o consideradas mortes violentas n\u00e3o intencionais aquelas decorrentes de homic\u00eddios dolosos, latroc\u00ednio, les\u00e3o corporal seguida de morte, interven\u00e7\u00e3o policial e morte de policiais. Os dados, divulgados hoje (20), s\u00e3o do Anu\u00e1rio Brasileiro de Seguran\u00e7a P\u00fablica 2023, do F\u00f3rum Brasileiro de Seguran\u00e7a P\u00fablica (FBSP). A taxa de mortes violentas intencionais (MVI) ou de 24 para cada 100 mil habitantes em 2021, para 23,4 a cada 100 mil no ano ado. Em n\u00fameros absolutos, a quantidade caiu de 48.431 em 2021, para 47.508 em 2022 \u2013 a menor desde 2011, o primeiro ano da s\u00e9rie hist\u00f3rica do f\u00f3rum. De acordo com a supervisora do N\u00facleo de Dados do FBSP, Isabela Sobral, a queda nacional foi puxada principalmente pela diminui\u00e7\u00e3o da viol\u00eancia nos estados do Norte e Nordeste. Nas regi\u00f5es Sul e Centro-oeste, as taxas de MVI cresceram 3,4% e 0,8%, respectivamente. As demais regi\u00f5es registraram queda: Sudeste (-2%); Norte (-2,7%); e Nordeste (-4,5%). De acordo com Isabela, a queda na taxa de MVI nos estados do Norte e Nordeste em 2022 \u00e9 uma acomoda\u00e7\u00e3o dos n\u00fameros, que pode ser explicada pelo patamar alto de compara\u00e7\u00e3o dos anos anteriores, a partir de 2016. \u201cA baixa est\u00e1 muito relacionada a essa quest\u00e3o de ter tido uma explos\u00e3o muito grande de viol\u00eancia nos \u00faltimos anos l\u00e1. Agora, est\u00e1 voltando ao patamar anterior a essa explos\u00e3o. E essa explos\u00e3o no Norte e Nordeste \u00e9 muito devida \u00e0 quest\u00e3o do crime organizado. Fac\u00e7\u00f5es como o PCC e o Comando Vermelho, que surgem no Sudeste nos anos 2000, migram para as regi\u00f5es Norte e Nordeste e as mortes explodem\u201d, destaca. \u201cE essa redu\u00e7\u00e3o que a gente observa agora tem a ver com o ar desse momento de conflito maior que ocorreu a partir de 2016.\u201d Apesar da queda nos \u00edndices, o Norte e o Nordeste ainda t\u00eam os estados mais violentos. O Amap\u00e1 lidera o ranking de estado mais violento do pa\u00eds em 2022, com taxa de MVI de 50,6 por 100 mil habitantes, mais que o dobro da m\u00e9dia nacional (23,4\/100mil). O segundo estado mais letal foi a Bahia, com taxa de 47,1 por 100 mil habitantes, seguido do o Amazonas (38,8\/100 mil). J\u00e1 as unidades da federa\u00e7\u00e3o com as menores taxas de viol\u00eancia letal foram S\u00e3o Paulo, com 8,4 mortes por 100 mil habitantes, Santa Catarina, com 9,1 por 100 mil, e o Distrito Federal, com taxa de 11,3. Ao todo, 20 estados registraram taxas de MVI acima da m\u00e9dia nacional. Arte\/ Ag\u00eancia Brasil Racismo O perfil das v\u00edtimas de mortes violentas intencionais n\u00e3o se alterou significativamente no ano ado na compara\u00e7\u00e3o com o anterior. Os dados do FBSP mostram que, em m\u00e9dia, 91,4% das mortes violentas intencionais vitimaram homens, enquanto 8,6%, mulheres. J\u00e1 em rela\u00e7\u00e3o a \u00f3bitos em interven\u00e7\u00f5es policiais, 99,2% das v\u00edtimas eram do sexo masculino. Em rela\u00e7\u00e3o ao perfil \u00e9tnico-racial das v\u00edtimas de MVI em 2022, 76,5% eram negros. Segundo o FBSP, os negros s\u00e3o o principal grupo vitimado pela viol\u00eancia independentemente da ocorr\u00eancia registrada, e chegaram a ser 83,1% das v\u00edtimas de interven\u00e7\u00f5es policiais. Mesmo entre os latroc\u00ednios, que s\u00e3o os roubos seguidos de morte, a vitimiza\u00e7\u00e3o de pessoas negras \u00e9 maior do que a participa\u00e7\u00e3o proporcional delas na composi\u00e7\u00e3o demogr\u00e1fica da popula\u00e7\u00e3o brasileira. \u201cChama aten\u00e7\u00e3o que n\u00e3o exista um debate mais amplo sobre suas origens, causas e possibilidades de redu\u00e7\u00e3o. \u00c9 um debate que ainda \u00e9 tabu e interditado entre os tomadores de decis\u00e3o nas organiza\u00e7\u00f5es de seguran\u00e7a p\u00fablica\u201d, destaca o texto do anu\u00e1rio. O FBSP destaca ainda outro dado que pouco varia em rela\u00e7\u00e3o a s\u00e9rie hist\u00f3rica: 50,3% das v\u00edtimas de MVI em 2022 tinham entre 12 e 29 anos. Dentre os mortos em interven\u00e7\u00f5es policiais, esse grupo et\u00e1rio concentra 75% das mortes. Viol\u00eancia Sexual Os dados do anu\u00e1rio mostram que o n\u00famero de registros de estupros e estupros de vulner\u00e1vel em 2022 foi o maior j\u00e1 registrado pelo FBSP: 74.930 v\u00edtimas - 88,7% mulheres e 11,3% homens. \u201cEstes n\u00fameros correspondem aos casos que foram notificados \u00e0s autoridades policiais e, portanto, representam apenas uma fra\u00e7\u00e3o da viol\u00eancia sexual experimentada por mulheres e homens, meninas e meninos\u201d, diz o texto do anu\u00e1rio. Em rela\u00e7\u00e3o ao ano de 2021, a taxa de estupro e estupro de vulner\u00e1vel cresceu 8,2% e chegou a 36,9 casos a cada 100 mil habitantes. Exclusivamente os casos estupro somaram 18.110 v\u00edtimas em 2022, um crescimento de 7% em rela\u00e7\u00e3o ao ano anterior. J\u00e1 os casos de estupro de vulner\u00e1vel, com um total de 56.820 v\u00edtimas, teve incremento de 8,6%. Os dados do FBSP mostram que 24,2% das v\u00edtimas de estupros, em 2022, foram homens e mulheres com mais de 14 anos, e que 75,8% eram incapazes de consentir, fosse pela idade (menores de 14 anos), ou por qualquer outro motivo (defici\u00eancia ou enfermidade). Segundo o f\u00f3rum, 10,4% das v\u00edtimas de estupro eram beb\u00eas e crian\u00e7as, com idade entre 0 e 4 anos; 17,7% das v\u00edtimas tinham entre 5 e 9 anos e 33,2% entre 10 e 13 anos (a faixa et\u00e1ria mais afetada pelo crime). Ou seja, segundo os dados, 61,4% das v\u00edtimas tinham no m\u00e1ximo 13 anos. \u201odemos ter como hip\u00f3tese que estamos diante de um aumento das notifica\u00e7\u00f5es j\u00e1 que as v\u00edtimas est\u00e3o mais informadas e empoderadas. No entanto, este argumento precisa ser relativizado quando verificamos o perfil das v\u00edtimas. No Brasil, 6 em cada 10 v\u00edtimas s\u00e3o vulner\u00e1veis com idades entre 0 e 13 anos, que s\u00e3o v\u00edtimas de familiares e outros conhecidos. Ou seja, ainda que estas crian\u00e7as e adolescentes estejam mais informadas sobre o que \u00e9 o abuso, \u00e9 dif\u00edcil crer na hip\u00f3tese do empoderamento como \u00fanica explica\u00e7\u00e3o para o fen\u00f4meno\", ressalva o anu\u00e1rio. Considerando a autoria indicada no boletim de ocorr\u00eancia, assim como em anos anteriores, na maioria absoluta dos casos os abusadores s\u00e3o conhecidos das v\u00edtimas (82,7%), e apenas 17,3% dos registros tinham desconhecidos como autores da viol\u00eancia sexual. Dentre as crian\u00e7as e adolescentes entre 0 e 13 anos de idade v\u00edtimas de estupro os principais autores s\u00e3o familiares (64,4% dos casos) e 21,6% s\u00e3o conhecidos da v\u00edtima, mas sem rela\u00e7\u00e3o de parentesco. Pessoas negras seguem sendo as principais v\u00edtimas da viol\u00eancia sexual, mas houve crescimento da propor\u00e7\u00e3o em rela\u00e7\u00e3o a 2021. Ano ado, 56,8% das v\u00edtimas eram pretas ou pardas (no ano anterior eram 52,2%). Em rela\u00e7\u00e3o \u00e0s demais, 42,3% eram brancas, 0,5% ind\u00edgenas e 0,4% amarelas. Investimentos e metas Segundo o anu\u00e1rio, os investimentos em seguran\u00e7a p\u00fablica no pa\u00eds em 2022 \u2013 somadas todas as esferas \u2013, totalizaram R$ 124,8 bilh\u00f5es, um crescimento de 11,6% em rela\u00e7\u00e3o ao ano anterior. O resultado foi impactado, principalmente, pelo maior volume de despesas dos estados e Distrito Federal (R$ 101 bilh\u00f5es), que tiveram alta de 12,9%, em rela\u00e7\u00e3o a 2021. J\u00e1 os investimentos da Uni\u00e3o (R$ 14,4 bilh\u00f5es) apresentaram crescimento menor do que o dos estados, de 2,6%. \u201cEsse montante baixo chama a aten\u00e7\u00e3o pois a Uni\u00e3o, em tese, seria respons\u00e1vel pela organiza\u00e7\u00e3o da pol\u00edtica de seguran\u00e7a p\u00fablica com vistas a uma atua\u00e7\u00e3o sist\u00eamica de todos os agentes da \u00e1rea atrav\u00e9s do Sistema \u00danico de Seguran\u00e7a P\u00fablica (SUSP)\u201d, diz texto do anu\u00e1rio. O FBSP destaca que o Minist\u00e9rio da Justi\u00e7a e Seguran\u00e7a P\u00fablica revisou o Plano Nacional de Seguran\u00e7a P\u00fablica e Defesa Social, lan\u00e7ado em 2018, e estabeleceu metas de redu\u00e7\u00e3o de homic\u00eddios dolosos, de les\u00f5es corporais seguidas de morte e de latroc\u00ednios. A pasta definiu que at\u00e9 2030, fim do prazo de vig\u00eancia do atual Plano Nacional, a meta de redu\u00e7\u00e3o desses crimes somados deveria alcan\u00e7ar a taxa de 17 mortes para cada grupo de 100 mil habitantes. Os dados de 2022 mostram que a meta j\u00e1 foi alcan\u00e7ada em 54% dos 5.570 munic\u00edpios brasileiros. \u201cEstamos no caminho da redu\u00e7\u00e3o? Sim. De fato, j\u00e1 faz dois anos que a gente observa essa queda nacional. Mas a gente v\u00ea tamb\u00e9m que tem alguns estados que n\u00e3o tiveram queda e tiveram aumento. H\u00e1 12 estados com aumento na taxa. Ou seja, \u00e9 preciso observar o contexto dos estados para que a gente consiga a redu\u00e7\u00e3o de uma forma mais uniforme no pa\u00eds\u201d, destaca Isabela Sobral. Em 2022, em compara\u00e7\u00e3o com o ano anterior, tiveram alta de mortes violentas intencionais os estados: Acre (21%), Alagoas (4,2%), Mato Grosso (18,9%), Minas Gerais (2,2%), Par\u00e1 (0,6%), Paran\u00e1 (7,2%), Pernambuco (1,3%), Piau\u00ed (4,5%), Rio Grande do Sul (3,8%), Rond\u00f4nia (14%), S\u00e3o Paulo (1,3%), e Tocantins (5,5%). Registraram queda: Amap\u00e1 (-25%), Amazonas (9,3%), Bahia (-5,9%), Cear\u00e1 (-9%), Distrito Federal (-10,1%), Esp\u00edrito Santo (-4,8%), Goi\u00e1s (-5,6%), Maranh\u00e3o (-6,5%), Mato Grosso do Sul (-0,2%), Para\u00edba (-6,9%), Rio de Janeiro (-5,8%), Rio Grande do Norte (-7,7%), Roraima (-18,4%), Santa Catarina (-9%), e Sergipe (-3,9%).","keywords":"mortes violentas, Racismo, Viol\u00eancia Sexual, ","datePublished":"2023-07-20T16:33:09-03:00","dateModified":"2023-07-20T19:34:16-03:00","author":{"@type":"Person","name":"Aleff Melo","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/author\/aleff-melo\/","sameAs":[],"image":{"@type":"ImageObject","url":"https:\/\/secure.gravatar.com\/avatar\/2ad841c1b8b73b7c499077410eb73863d89bd1ae362ceffa148f4073c7942779?s=96&d=mm&r=g","height":96,"width":96}},"editor":{"@type":"Person","name":"Aleff Melo","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/author\/aleff-melo\/","sameAs":[],"image":{"@type":"ImageObject","url":"https:\/\/secure.gravatar.com\/avatar\/2ad841c1b8b73b7c499077410eb73863d89bd1ae362ceffa148f4073c7942779?s=96&d=mm&r=g","height":96,"width":96}},"publisher":{"@type":"Organization","name":"Ag\u00eancia Sert\u00e3o","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com","logo":{"@type":"ImageObject","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/wp-content\/s\/2020\/12\/Logo-Agencia-Sertao-160x60-1.png","width":"160","height":"50"}},"image":[{"@type":"ImageObject","@id":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/2023\/07\/20\/mortes-violentas-intencionais-no-pais-caem-24-em-2022\/#primaryimage","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/wp-content\/s\/2023\/07\/Violencia-1200x900.jpg","width":"1200","height":"900"},{"@type":"ImageObject","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/wp-content\/s\/2023\/07\/Violencia-1200x720.jpg","width":"1200","height":"720"},{"@type":"ImageObject","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/wp-content\/s\/2023\/07\/Violencia-1200x675.jpg","width":"1200","height":"675"},{"@type":"ImageObject","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/wp-content\/s\/2023\/07\/Violencia-674x674.jpg","width":"674","height":"674"},{"@type":"ImageObject","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/wp-content\/s\/2023\/07\/Violencia1nova.jpg","width":754,"height":737}]},
{"@context":"https:\/\/schema.org\/","@type":"NewsArticle","@id":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/2023\/07\/20\/mortes-violentas-intencionais-no-pais-caem-24-em-2022\/#newsarticle","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/2023\/07\/20\/mortes-violentas-intencionais-no-pais-caem-24-em-2022\/","headline":"Mortes violentas intencionais no pa\u00eds caem 2,4% em 2022","mainEntityOfPage":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/2023\/07\/20\/mortes-violentas-intencionais-no-pais-caem-24-em-2022\/","datePublished":"2023-07-20T16:33:09-03:00","dateModified":"2023-07-20T19:34:16-03:00","description":"A taxa de mortes violentas intencionais caiu 2,4% no pa\u00eds em 2022 na compara\u00e7\u00e3o com 2021. S\u00e3o consideradas mortes violentas n\u00e3o intencionais aquelas decorrentes de homic\u00eddios dolosos, latroc\u00ednio, les\u00e3o corporal seguida de morte, interven\u00e7\u00e3o policial e morte de policiais. Os dados, divulgados hoje (20), s\u00e3o do Anu\u00e1rio Brasileiro de Seguran\u00e7a P\u00fablica 2023, do F\u00f3rum Brasileiro","articleSection":"Policial","articleBody":"A taxa de mortes violentas intencionais caiu 2,4% no pa\u00eds em 2022 na compara\u00e7\u00e3o com 2021. S\u00e3o consideradas mortes violentas n\u00e3o intencionais aquelas decorrentes de homic\u00eddios dolosos, latroc\u00ednio, les\u00e3o corporal seguida de morte, interven\u00e7\u00e3o policial e morte de policiais. Os dados, divulgados hoje (20), s\u00e3o do Anu\u00e1rio Brasileiro de Seguran\u00e7a P\u00fablica 2023, do F\u00f3rum Brasileiro de Seguran\u00e7a P\u00fablica (FBSP). A taxa de mortes violentas intencionais (MVI) ou de 24 para cada 100 mil habitantes em 2021, para 23,4 a cada 100 mil no ano ado. Em n\u00fameros absolutos, a quantidade caiu de 48.431 em 2021, para 47.508 em 2022 \u2013 a menor desde 2011, o primeiro ano da s\u00e9rie hist\u00f3rica do f\u00f3rum. De acordo com a supervisora do N\u00facleo de Dados do FBSP, Isabela Sobral, a queda nacional foi puxada principalmente pela diminui\u00e7\u00e3o da viol\u00eancia nos estados do Norte e Nordeste. Nas regi\u00f5es Sul e Centro-oeste, as taxas de MVI cresceram 3,4% e 0,8%, respectivamente. As demais regi\u00f5es registraram queda: Sudeste (-2%); Norte (-2,7%); e Nordeste (-4,5%). De acordo com Isabela, a queda na taxa de MVI nos estados do Norte e Nordeste em 2022 \u00e9 uma acomoda\u00e7\u00e3o dos n\u00fameros, que pode ser explicada pelo patamar alto de compara\u00e7\u00e3o dos anos anteriores, a partir de 2016. \u201cA baixa est\u00e1 muito relacionada a essa quest\u00e3o de ter tido uma explos\u00e3o muito grande de viol\u00eancia nos \u00faltimos anos l\u00e1. Agora, est\u00e1 voltando ao patamar anterior a essa explos\u00e3o. E essa explos\u00e3o no Norte e Nordeste \u00e9 muito devida \u00e0 quest\u00e3o do crime organizado. Fac\u00e7\u00f5es como o PCC e o Comando Vermelho, que surgem no Sudeste nos anos 2000, migram para as regi\u00f5es Norte e Nordeste e as mortes explodem\u201d, destaca. \u201cE essa redu\u00e7\u00e3o que a gente observa agora tem a ver com o ar desse momento de conflito maior que ocorreu a partir de 2016.\u201d Apesar da queda nos \u00edndices, o Norte e o Nordeste ainda t\u00eam os estados mais violentos. O Amap\u00e1 lidera o ranking de estado mais violento do pa\u00eds em 2022, com taxa de MVI de 50,6 por 100 mil habitantes, mais que o dobro da m\u00e9dia nacional (23,4\/100mil). O segundo estado mais letal foi a Bahia, com taxa de 47,1 por 100 mil habitantes, seguido do o Amazonas (38,8\/100 mil). J\u00e1 as unidades da federa\u00e7\u00e3o com as menores taxas de viol\u00eancia letal foram S\u00e3o Paulo, com 8,4 mortes por 100 mil habitantes, Santa Catarina, com 9,1 por 100 mil, e o Distrito Federal, com taxa de 11,3. Ao todo, 20 estados registraram taxas de MVI acima da m\u00e9dia nacional. Arte\/ Ag\u00eancia Brasil Racismo O perfil das v\u00edtimas de mortes violentas intencionais n\u00e3o se alterou significativamente no ano ado na compara\u00e7\u00e3o com o anterior. Os dados do FBSP mostram que, em m\u00e9dia, 91,4% das mortes violentas intencionais vitimaram homens, enquanto 8,6%, mulheres. J\u00e1 em rela\u00e7\u00e3o a \u00f3bitos em interven\u00e7\u00f5es policiais, 99,2% das v\u00edtimas eram do sexo masculino. Em rela\u00e7\u00e3o ao perfil \u00e9tnico-racial das v\u00edtimas de MVI em 2022, 76,5% eram negros. Segundo o FBSP, os negros s\u00e3o o principal grupo vitimado pela viol\u00eancia independentemente da ocorr\u00eancia registrada, e chegaram a ser 83,1% das v\u00edtimas de interven\u00e7\u00f5es policiais. Mesmo entre os latroc\u00ednios, que s\u00e3o os roubos seguidos de morte, a vitimiza\u00e7\u00e3o de pessoas negras \u00e9 maior do que a participa\u00e7\u00e3o proporcional delas na composi\u00e7\u00e3o demogr\u00e1fica da popula\u00e7\u00e3o brasileira. \u201cChama aten\u00e7\u00e3o que n\u00e3o exista um debate mais amplo sobre suas origens, causas e possibilidades de redu\u00e7\u00e3o. \u00c9 um debate que ainda \u00e9 tabu e interditado entre os tomadores de decis\u00e3o nas organiza\u00e7\u00f5es de seguran\u00e7a p\u00fablica\u201d, destaca o texto do anu\u00e1rio. O FBSP destaca ainda outro dado que pouco varia em rela\u00e7\u00e3o a s\u00e9rie hist\u00f3rica: 50,3% das v\u00edtimas de MVI em 2022 tinham entre 12 e 29 anos. Dentre os mortos em interven\u00e7\u00f5es policiais, esse grupo et\u00e1rio concentra 75% das mortes. Viol\u00eancia Sexual Os dados do anu\u00e1rio mostram que o n\u00famero de registros de estupros e estupros de vulner\u00e1vel em 2022 foi o maior j\u00e1 registrado pelo FBSP: 74.930 v\u00edtimas - 88,7% mulheres e 11,3% homens. \u201cEstes n\u00fameros correspondem aos casos que foram notificados \u00e0s autoridades policiais e, portanto, representam apenas uma fra\u00e7\u00e3o da viol\u00eancia sexual experimentada por mulheres e homens, meninas e meninos\u201d, diz o texto do anu\u00e1rio. Em rela\u00e7\u00e3o ao ano de 2021, a taxa de estupro e estupro de vulner\u00e1vel cresceu 8,2% e chegou a 36,9 casos a cada 100 mil habitantes. Exclusivamente os casos estupro somaram 18.110 v\u00edtimas em 2022, um crescimento de 7% em rela\u00e7\u00e3o ao ano anterior. J\u00e1 os casos de estupro de vulner\u00e1vel, com um total de 56.820 v\u00edtimas, teve incremento de 8,6%. Os dados do FBSP mostram que 24,2% das v\u00edtimas de estupros, em 2022, foram homens e mulheres com mais de 14 anos, e que 75,8% eram incapazes de consentir, fosse pela idade (menores de 14 anos), ou por qualquer outro motivo (defici\u00eancia ou enfermidade). Segundo o f\u00f3rum, 10,4% das v\u00edtimas de estupro eram beb\u00eas e crian\u00e7as, com idade entre 0 e 4 anos; 17,7% das v\u00edtimas tinham entre 5 e 9 anos e 33,2% entre 10 e 13 anos (a faixa et\u00e1ria mais afetada pelo crime). Ou seja, segundo os dados, 61,4% das v\u00edtimas tinham no m\u00e1ximo 13 anos. \u201odemos ter como hip\u00f3tese que estamos diante de um aumento das notifica\u00e7\u00f5es j\u00e1 que as v\u00edtimas est\u00e3o mais informadas e empoderadas. No entanto, este argumento precisa ser relativizado quando verificamos o perfil das v\u00edtimas. No Brasil, 6 em cada 10 v\u00edtimas s\u00e3o vulner\u00e1veis com idades entre 0 e 13 anos, que s\u00e3o v\u00edtimas de familiares e outros conhecidos. Ou seja, ainda que estas crian\u00e7as e adolescentes estejam mais informadas sobre o que \u00e9 o abuso, \u00e9 dif\u00edcil crer na hip\u00f3tese do empoderamento como \u00fanica explica\u00e7\u00e3o para o fen\u00f4meno\", ressalva o anu\u00e1rio. Considerando a autoria indicada no boletim de ocorr\u00eancia, assim como em anos anteriores, na maioria absoluta dos casos os abusadores s\u00e3o conhecidos das v\u00edtimas (82,7%), e apenas 17,3% dos registros tinham desconhecidos como autores da viol\u00eancia sexual. Dentre as crian\u00e7as e adolescentes entre 0 e 13 anos de idade v\u00edtimas de estupro os principais autores s\u00e3o familiares (64,4% dos casos) e 21,6% s\u00e3o conhecidos da v\u00edtima, mas sem rela\u00e7\u00e3o de parentesco. Pessoas negras seguem sendo as principais v\u00edtimas da viol\u00eancia sexual, mas houve crescimento da propor\u00e7\u00e3o em rela\u00e7\u00e3o a 2021. Ano ado, 56,8% das v\u00edtimas eram pretas ou pardas (no ano anterior eram 52,2%). Em rela\u00e7\u00e3o \u00e0s demais, 42,3% eram brancas, 0,5% ind\u00edgenas e 0,4% amarelas. Investimentos e metas Segundo o anu\u00e1rio, os investimentos em seguran\u00e7a p\u00fablica no pa\u00eds em 2022 \u2013 somadas todas as esferas \u2013, totalizaram R$ 124,8 bilh\u00f5es, um crescimento de 11,6% em rela\u00e7\u00e3o ao ano anterior. O resultado foi impactado, principalmente, pelo maior volume de despesas dos estados e Distrito Federal (R$ 101 bilh\u00f5es), que tiveram alta de 12,9%, em rela\u00e7\u00e3o a 2021. J\u00e1 os investimentos da Uni\u00e3o (R$ 14,4 bilh\u00f5es) apresentaram crescimento menor do que o dos estados, de 2,6%. \u201cEsse montante baixo chama a aten\u00e7\u00e3o pois a Uni\u00e3o, em tese, seria respons\u00e1vel pela organiza\u00e7\u00e3o da pol\u00edtica de seguran\u00e7a p\u00fablica com vistas a uma atua\u00e7\u00e3o sist\u00eamica de todos os agentes da \u00e1rea atrav\u00e9s do Sistema \u00danico de Seguran\u00e7a P\u00fablica (SUSP)\u201d, diz texto do anu\u00e1rio. O FBSP destaca que o Minist\u00e9rio da Justi\u00e7a e Seguran\u00e7a P\u00fablica revisou o Plano Nacional de Seguran\u00e7a P\u00fablica e Defesa Social, lan\u00e7ado em 2018, e estabeleceu metas de redu\u00e7\u00e3o de homic\u00eddios dolosos, de les\u00f5es corporais seguidas de morte e de latroc\u00ednios. A pasta definiu que at\u00e9 2030, fim do prazo de vig\u00eancia do atual Plano Nacional, a meta de redu\u00e7\u00e3o desses crimes somados deveria alcan\u00e7ar a taxa de 17 mortes para cada grupo de 100 mil habitantes. Os dados de 2022 mostram que a meta j\u00e1 foi alcan\u00e7ada em 54% dos 5.570 munic\u00edpios brasileiros. \u201cEstamos no caminho da redu\u00e7\u00e3o? Sim. De fato, j\u00e1 faz dois anos que a gente observa essa queda nacional. Mas a gente v\u00ea tamb\u00e9m que tem alguns estados que n\u00e3o tiveram queda e tiveram aumento. H\u00e1 12 estados com aumento na taxa. Ou seja, \u00e9 preciso observar o contexto dos estados para que a gente consiga a redu\u00e7\u00e3o de uma forma mais uniforme no pa\u00eds\u201d, destaca Isabela Sobral. Em 2022, em compara\u00e7\u00e3o com o ano anterior, tiveram alta de mortes violentas intencionais os estados: Acre (21%), Alagoas (4,2%), Mato Grosso (18,9%), Minas Gerais (2,2%), Par\u00e1 (0,6%), Paran\u00e1 (7,2%), Pernambuco (1,3%), Piau\u00ed (4,5%), Rio Grande do Sul (3,8%), Rond\u00f4nia (14%), S\u00e3o Paulo (1,3%), e Tocantins (5,5%). Registraram queda: Amap\u00e1 (-25%), Amazonas (9,3%), Bahia (-5,9%), Cear\u00e1 (-9%), Distrito Federal (-10,1%), Esp\u00edrito Santo (-4,8%), Goi\u00e1s (-5,6%), Maranh\u00e3o (-6,5%), Mato Grosso do Sul (-0,2%), Para\u00edba (-6,9%), Rio de Janeiro (-5,8%), Rio Grande do Norte (-7,7%), Roraima (-18,4%), Santa Catarina (-9%), e Sergipe (-3,9%).","keywords":["mortes violentas"," Racismo"," Viol\u00eancia Sexual"," "],"name":"Mortes violentas intencionais no pa\u00eds caem 2,4% em 2022","thumbnailUrl":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/wp-content\/s\/2023\/07\/Violencia-150x150.jpg","wordCount":"1417","timeRequired":"PT6M17S","mainEntity":{"@type":"WebPage","@id":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/2023\/07\/20\/mortes-violentas-intencionais-no-pais-caem-24-em-2022\/"},"author":{"@type":"Person","name":"Aleff Melo","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/author\/aleff-melo\/","sameAs":[],"image":{"@type":"ImageObject","url":"https:\/\/secure.gravatar.com\/avatar\/2ad841c1b8b73b7c499077410eb73863d89bd1ae362ceffa148f4073c7942779?s=96&d=mm&r=g","height":96,"width":96}},"editor":{"@type":"Person","name":"Aleff Melo","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/author\/aleff-melo\/","sameAs":[],"image":{"@type":"ImageObject","url":"https:\/\/secure.gravatar.com\/avatar\/2ad841c1b8b73b7c499077410eb73863d89bd1ae362ceffa148f4073c7942779?s=96&d=mm&r=g","height":96,"width":96}},"publisher":{"@type":"Organization","name":"Ag\u00eancia Sert\u00e3o","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com","logo":{"@type":"ImageObject","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/wp-content\/s\/2020\/12\/Logo-Agencia-Sertao-160x60-1.png","width":"160","height":"50"}},"speakable":{"@type":"SpeakableSpecification","xpath":["\/html\/head\/title","\/html\/head\/meta[@name='description']\/@content"]},"image":[{"@type":"ImageObject","@id":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/2023\/07\/20\/mortes-violentas-intencionais-no-pais-caem-24-em-2022\/#primaryimage","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/wp-content\/s\/2023\/07\/Violencia-1200x900.jpg","width":"1200","height":"900"},{"@type":"ImageObject","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/wp-content\/s\/2023\/07\/Violencia-1200x720.jpg","width":"1200","height":"720"},{"@type":"ImageObject","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/wp-content\/s\/2023\/07\/Violencia-1200x675.jpg","width":"1200","height":"675"},{"@type":"ImageObject","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/wp-content\/s\/2023\/07\/Violencia-674x674.jpg","width":"674","height":"674"},{"@type":"ImageObject","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/wp-content\/s\/2023\/07\/Violencia1nova.jpg","width":754,"height":737}]}]
A taxa de mortes violentas intencionais caiu 2,4% no país em 2022 na comparação com 2021. São consideradas mortes violentas não intencionais aquelas decorrentes de homicídios dolosos, latrocínio, lesão corporal seguida de morte, intervenção policial e morte de policiais. Os dados, divulgados hoje (20), são do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2023, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
A taxa de mortes violentas intencionais (MVI) ou de 24 para cada 100 mil habitantes em 2021, para 23,4 a cada 100 mil no ano ado. Em números absolutos, a quantidade caiu de 48.431 em 2021, para 47.508 em 2022 – a menor desde 2011, o primeiro ano da série histórica do fórum.
De acordo com a supervisora do Núcleo de Dados do FBSP, Isabela Sobral, a queda nacional foi puxada principalmente pela diminuição da violência nos estados do Norte e Nordeste. Nas regiões Sul e Centro-oeste, as taxas de MVI cresceram 3,4% e 0,8%, respectivamente. As demais regiões registraram queda: Sudeste (-2%); Norte (-2,7%); e Nordeste (-4,5%).
De acordo com Isabela, a queda na taxa de MVI nos estados do Norte e Nordeste em 2022 é uma acomodação dos números, que pode ser explicada pelo patamar alto de comparação dos anos anteriores, a partir de 2016.
“A baixa [no Norte e Nordeste] está muito relacionada a essa questão de ter tido uma explosão muito grande de violência nos últimos anos lá. Agora, está voltando ao patamar anterior a essa explosão. E essa explosão no Norte e Nordeste é muito devida à questão do crime organizado. Facções como o PCC e o Comando Vermelho, que surgem no Sudeste nos anos 2000, migram para as regiões Norte e Nordeste e as mortes explodem”, destaca.
“E essa redução que a gente observa agora tem a ver com o ar desse momento de conflito maior que ocorreu a partir de 2016.”
Apesar da queda nos índices, o Norte e o Nordeste ainda têm os estados mais violentos. O Amapá lidera o ranking de estado mais violento do país em 2022, com taxa de MVI de 50,6 por 100 mil habitantes, mais que o dobro da média nacional (23,4/100mil). O segundo estado mais letal foi a Bahia, com taxa de 47,1 por 100 mil habitantes, seguido do o Amazonas (38,8/100 mil).
Já as unidades da federação com as menores taxas de violência letal foram São Paulo, com 8,4 mortes por 100 mil habitantes, Santa Catarina, com 9,1 por 100 mil, e o Distrito Federal, com taxa de 11,3. Ao todo, 20 estados registraram taxas de MVI acima da média nacional.
Arte/ Agência Brasil
Racismo
O perfil das vítimas de mortes violentas intencionais não se alterou significativamente no ano ado na comparação com o anterior. Os dados do FBSP mostram que, em média, 91,4% das mortes violentas intencionais vitimaram homens, enquanto 8,6%, mulheres. Já em relação a óbitos em intervenções policiais, 99,2% das vítimas eram do sexo masculino.
Em relação ao perfil étnico-racial das vítimas de MVI em 2022, 76,5% eram negros. Segundo o FBSP, os negros são o principal grupo vitimado pela violência independentemente da ocorrência registrada, e chegaram a ser 83,1% das vítimas de intervenções policiais.
Mesmo entre os latrocínios, que são os roubos seguidos de morte, a vitimização de pessoas negras é maior do que a participação proporcional delas na composição demográfica da população brasileira.
“Chama atenção que não exista um debate mais amplo sobre suas origens, causas e possibilidades de redução. É um debate que ainda é tabu e interditado entre os tomadores de decisão nas organizações de segurança pública”, destaca o texto do anuário.
O FBSP destaca ainda outro dado que pouco varia em relação a série histórica: 50,3% das vítimas de MVI em 2022 tinham entre 12 e 29 anos. Dentre os mortos em intervenções policiais, esse grupo etário concentra 75% das mortes.
Violência Sexual
Os dados do anuário mostram que o número de registros de estupros e estupros de vulnerável em 2022 foi o maior já registrado pelo FBSP: 74.930 vítimas – 88,7% mulheres e 11,3% homens.
“Estes números correspondem aos casos que foram notificados às autoridades policiais e, portanto, representam apenas uma fração da violência sexual experimentada por mulheres e homens, meninas e meninos”, diz o texto do anuário.
Em relação ao ano de 2021, a taxa de estupro e estupro de vulnerável cresceu 8,2% e chegou a 36,9 casos a cada 100 mil habitantes. Exclusivamente os casos estupro somaram 18.110 vítimas em 2022, um crescimento de 7% em relação ao ano anterior. Já os casos de estupro de vulnerável, com um total de 56.820 vítimas, teve incremento de 8,6%.
Os dados do FBSP mostram que 24,2% das vítimas de estupros, em 2022, foram homens e mulheres com mais de 14 anos, e que 75,8% eram incapazes de consentir, fosse pela idade (menores de 14 anos), ou por qualquer outro motivo (deficiência ou enfermidade).
Segundo o fórum, 10,4% das vítimas de estupro eram bebês e crianças, com idade entre 0 e 4 anos; 17,7% das vítimas tinham entre 5 e 9 anos e 33,2% entre 10 e 13 anos (a faixa etária mais afetada pelo crime). Ou seja, segundo os dados, 61,4% das vítimas tinham no máximo 13 anos.
“Podemos ter como hipótese que estamos diante de um aumento das notificações já que as vítimas estão mais informadas e empoderadas. No entanto, este argumento precisa ser relativizado quando verificamos o perfil das vítimas. No Brasil, 6 em cada 10 vítimas são vulneráveis com idades entre 0 e 13 anos, que são vítimas de familiares e outros conhecidos. Ou seja, ainda que estas crianças e adolescentes estejam mais informadas sobre o que é o abuso, é difícil crer na hipótese do empoderamento como única explicação para o fenômeno”, ressalva o anuário.
Considerando a autoria indicada no boletim de ocorrência, assim como em anos anteriores, na maioria absoluta dos casos os abusadores são conhecidos das vítimas (82,7%), e apenas 17,3% dos registros tinham desconhecidos como autores da violência sexual. Dentre as crianças e adolescentes entre 0 e 13 anos de idade vítimas de estupro os principais autores são familiares (64,4% dos casos) e 21,6% são conhecidos da vítima, mas sem relação de parentesco.
Pessoas negras seguem sendo as principais vítimas da violência sexual, mas houve crescimento da proporção em relação a 2021. Ano ado, 56,8% das vítimas eram pretas ou pardas (no ano anterior eram 52,2%). Em relação às demais, 42,3% eram brancas, 0,5% indígenas e 0,4% amarelas.
Investimentos e metas
Segundo o anuário, os investimentos em segurança pública no país em 2022 – somadas todas as esferas –, totalizaram R$ 124,8 bilhões, um crescimento de 11,6% em relação ao ano anterior. O resultado foi impactado, principalmente, pelo maior volume de despesas dos estados e Distrito Federal (R$ 101 bilhões), que tiveram alta de 12,9%, em relação a 2021.
Já os investimentos da União (R$ 14,4 bilhões) apresentaram crescimento menor do que o dos estados, de 2,6%. “Esse montante baixo chama a atenção pois a União, em tese, seria responsável pela organização da política de segurança pública com vistas a uma atuação sistêmica de todos os agentes da área através do Sistema Único de Segurança Pública (SUSP)”, diz texto do anuário.
O FBSP destaca que o Ministério da Justiça e Segurança Pública revisou o Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa Social, lançado em 2018, e estabeleceu metas de redução de homicídios dolosos, de lesões corporais seguidas de morte e de latrocínios.
A pasta definiu que até 2030, fim do prazo de vigência do atual Plano Nacional, a meta de redução desses crimes somados deveria alcançar a taxa de 17 mortes para cada grupo de 100 mil habitantes. Os dados de 2022 mostram que a meta já foi alcançada em 54% dos 5.570 municípios brasileiros.
“Estamos no caminho da redução? Sim. De fato, já faz dois anos que a gente observa essa queda nacional. Mas a gente vê também que tem alguns estados que não tiveram queda e tiveram aumento. Há 12 estados com aumento na taxa. Ou seja, é preciso observar o contexto dos estados para que a gente consiga a redução de uma forma mais uniforme no país”, destaca Isabela Sobral.
Em 2022, em comparação com o ano anterior, tiveram alta de mortes violentas intencionais os estados: Acre (21%), Alagoas (4,2%), Mato Grosso (18,9%), Minas Gerais (2,2%), Pará (0,6%), Paraná (7,2%), Pernambuco (1,3%), Piauí (4,5%), Rio Grande do Sul (3,8%), Rondônia (14%), São Paulo (1,3%), e Tocantins (5,5%).
Registraram queda: Amapá (-25%), Amazonas (9,3%), Bahia (-5,9%), Ceará (-9%), Distrito Federal (-10,1%), Espírito Santo (-4,8%), Goiás (-5,6%), Maranhão (-6,5%), Mato Grosso do Sul (-0,2%), Paraíba (-6,9%), Rio de Janeiro (-5,8%), Rio Grande do Norte (-7,7%), Roraima (-18,4%), Santa Catarina (-9%), e Sergipe (-3,9%).