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Investigadores suspeitam que grupos de milicianos estejam por tr\u00e1s de alguns desses empreendimentos, que amea\u00e7am h\u00e1 d\u00e9cadas as","articleBody":"Onde havia uma encosta coberta por densa mata atl\u00e2ntica, hoje h\u00e1 pr\u00e9dios que avan\u00e7am morro acima; onde havia florestas e planta\u00e7\u00f5es, hoje h\u00e1 lagoas - n\u00e3o naturais, mas resultantes da escava\u00e7\u00e3o do terreno para extra\u00e7\u00e3o de minerais. Investigadores suspeitam que grupos de milicianos estejam por tr\u00e1s de alguns desses empreendimentos, que amea\u00e7am h\u00e1 d\u00e9cadas as matas fluminenses. Mil\u00edcias, grupos armados formados por integrantes e ex-integrantes de for\u00e7as de seguran\u00e7a do Estado, como policiais, bombeiros e agentes penitenci\u00e1rios, s\u00e3o conhecidas por controlar territ\u00f3rios e cobrar, com viol\u00eancia, taxas por servi\u00e7os, como venda de \u00e1gua, g\u00e1s, cestas de alimentos, transporte clandestino, TV a cabo e internet piratas. \t'\u00c0s vezes some algu\u00e9m': a vida na 'tranquila' favela dos suspeitos da morte de Marielle \tA busca de fam\u00edlia por tio que morreu 'duas vezes' no desabamento no Rio \"Mas h\u00e1 uma diversifica\u00e7\u00e3o grande da atua\u00e7\u00e3o desses grupos, que inclui atividades que geram uma s\u00e9rie de crimes ambientais\", diz o procurador J\u00falio Jos\u00e9 Ara\u00fajo J\u00fanior, do Minist\u00e9rio P\u00fablico Federal. E n\u00e3o \u00e9 de hoje, como conta o soci\u00f3logo Jos\u00e9 Cl\u00e1udio de Souza Alves, professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), que pesquisa a mil\u00edcia da Baixada Fluminense. \"Pelo menos desde os anos 1990 h\u00e1 relatos disso (tomando matas e ocupando-as para atividades lucrativas)\", diz o professor. A BBC News Brasil leu documentos, ouviu autoridades, especialistas e ativistas para entender quais atividades danosas ao meio ambiente esses grupos praticam, quais s\u00e3o as consequ\u00eancias para a natureza e por que muitos seguem impunes. A Secretaria de Seguran\u00e7a do Estado foi procurada, mas at\u00e9 a publica\u00e7\u00e3o deste texto, n\u00e3o havia respondido. Desmatando para construir casas e pr\u00e9dios Investigadores e pessoas que estudam grupos milicianos dizem que uma das atividades mais lucrativas da mil\u00edcia est\u00e1 diretamente ligada ao desmatamento: a constru\u00e7\u00e3o de empreendimentos imobili\u00e1rios para venda, em alguns casos avan\u00e7ando sobre \u00e1reas de prote\u00e7\u00e3o ambiental. H\u00e1 exemplos conhecidos em munic\u00edpios da Baixada Fluminense e na zona oeste do Rio, ambos lugares onde esses grupos paramilitares exercem forte controle. \"\u00c9 onde se v\u00ea mais lucro. Isso acontece porque h\u00e1 uma demanda enorme por moradia no Rio. N\u00e3o existe uma pol\u00edtica habitacional que d\u00ea conta disso. Para grande parte da popula\u00e7\u00e3o, pagar aluguel \u00e9 um peso enorme. Comprando uma casa pr\u00f3pria, ela pode ter outra perspectiva de vida, pensar em estudar. \u00c9 um grande investimento. E por outro lado tem essa oferta sem freios dos grupos milicianos\", diz Jos\u00e9. O fato de milicianos serem, como membros das for\u00e7as de seguran\u00e7a, parte do Estado, facilita a atua\u00e7\u00e3o. \"Como atuam dentro da estrutura de governo, t\u00eam o \u00e0s informa\u00e7\u00f5es, sabem de quem \u00e9 uma terra, se tem fiscaliza\u00e7\u00e3o e, se tem, sabem como evitar. Assim, conseguem mapear facilmente \u00e1reas sujeitas \u00e0 atua\u00e7\u00e3o deles\", diz o pesquisador. O bairro do Itanhang\u00e1, vizinho \u00e0 Barra da Tijuca, \u00e9 espremido entre uma encosta de densa mata atl\u00e2ntica e uma pequena lagoa. Sua fronteira se mistura com o Parque Nacional da Tijuca. Tem condom\u00ednios com casas caras, um clube de golfe e algumas das comunidades hoje controladas por milicianos, como Rio das Pedras, uma das maiores favelas da cidade, e a favela da Muzema. Esta \u00faltima cresceu rapidamente nos \u00faltimos anos, encosta acima, arrasando com o bioma e se aproximando dos limites do Parque - mais especificamente, a 50 metros de sua zona de amortecimento, como s\u00e3o chamadas as faixas de prote\u00e7\u00e3o de unidades de conserva\u00e7\u00e3o. Esp\u00e9cie de comunidade-sat\u00e9lite da vizinha Rio das Pedras, vem sendo ocupada desde a d\u00e9cada de 1960, quando o boom imobili\u00e1rio da Barra da Tijuca atraiu milhares de pessoas para trabalhar nas obras e alimentar a demanda por servi\u00e7os do bairro de classe alta. Mas seu crescimento tem sido ainda mais acelerado desde que milicianos aram a control\u00e1-la, dizem moradores, chamando a aten\u00e7\u00e3o do poder p\u00fablico. \u00c9 comum ouvir que Rio das Pedras \u00e9 o ber\u00e7o das mil\u00edcias do Rio. Ainda que n\u00e3o seja poss\u00edvel afirmar isso categoricamente, \u00e9 consenso entre pesquisadores que esses grupos t\u00eam d\u00e9cadas de atua\u00e7\u00e3o no bairro. Quando o soci\u00f3logo Ignacio Cano, que tamb\u00e9m pesquisou mil\u00edcias no Rio, come\u00e7ou a fazer pesquisa em Rio das Pedras, na d\u00e9cada de 1990, j\u00e1 havia um grupo que controlava o setor imobili\u00e1rio do territ\u00f3rio, diz ele. Em 2016, o MP abriu inqu\u00e9rito para apurar den\u00fancias de invas\u00e3o e desmatamento. Fotos que constam de a\u00e7\u00e3o civil p\u00fablica resultante da investiga\u00e7\u00e3o mostram que j\u00e1 estava avan\u00e7ada a constru\u00e7\u00e3o do condom\u00ednio Figueiras do Itanhang\u00e1, onde dois pr\u00e9dios viriam a desabar pouco anos depois, no in\u00edcio de 2019, matando 24 pessoas. Moradores dizem que os empreendimentos pertencem e s\u00e3o controlados por milicianos. Investiga\u00e7\u00f5es d\u00e3o conta de que de fato im\u00f3veis foram financiados por um desses grupos paramilitares. A a\u00e7\u00e3o civil do MP indica que pelo menos desde 2005 autoridades municipais sabiam que estavam sendo feitas obras para implanta\u00e7\u00e3o de loteamento clandestino, em terreno de encosta, com entrada e guarita de seguran\u00e7a. \"O terreno \u00e9 em aclive, em especial, em sua por\u00e7\u00e3o posterior, onde, junto ao limite da \u00e1rea ocupada, existe encosta com declividade superior a 45 graus, podendo ser classificada como \u00c1rea de Preserva\u00e7\u00e3o Permanente\", diz trecho da a\u00e7\u00e3o. As consequ\u00eancias ambientais da constru\u00e7\u00e3o do empreendimento tamb\u00e9m s\u00e3o descritas na a\u00e7\u00e3o e foram elaboradas pelo Grupo de Apoio T\u00e9cnico Especializado do MP: eros\u00e3o, assoreamento de cursos de \u00e1gua, desestabiliza\u00e7\u00e3o da encosta, afugentamento de animais, perda de biodiversidade e material gen\u00e9tico, degrada\u00e7\u00e3o do ecossistema que sobra, impermeabiliza\u00e7\u00e3o do solo e aumento do escoamento de \u00e1gua de chuva, altera\u00e7\u00e3o do microclima local, potencial polui\u00e7\u00e3o h\u00eddrica em decorr\u00eancia da aus\u00eancia de sistema de esgotamento sanit\u00e1rio e sobrecarga na rede existente, altera\u00e7\u00e3o da paisagem, adensamento populacional sobrecarregando a infraestrutura existente. O procurador J\u00falio Jos\u00e9 Ara\u00fajo J\u00fanior, do Minist\u00e9rio P\u00fablico Federal, que atua na Baixada Fluminense, diz que uma das principais dificuldades de atuar contra esse tipo de crime \u00e9 que existem vias que d\u00e3o chancela legal a esses empreendimentos. \"O desmatamento ocorre, um loteamento \u00e9 feito, pede-se a regulariza\u00e7\u00e3o fundi\u00e1ria. \u00c9 assim que funciona qualquer ocupa\u00e7\u00e3o. Existe uma popula\u00e7\u00e3o que est\u00e1 morando ali e instala-se um dilema - ou voc\u00ea tira eles dali ou regulariza a terra\", diz o procurador. Areais Outra frente de atua\u00e7\u00e3o de grupos paramilitares danosa ao meio ambiente \u00e9 a extra\u00e7\u00e3o de areia do solo. O produto de areais depois alimenta a constru\u00e7\u00e3o civil. \"A areia vai sendo extra\u00edda e lagoas v\u00e3o se formando naquelas \u00e1reas, inviabilizando a terra e avan\u00e7ando sobre \u00e1reas protegidas\", diz o promotor Ara\u00fajo. A pr\u00e1tica de extrair areia e outros minerais \u00e9 antiga na Baixada e pode ser legal, se feita com autoriza\u00e7\u00e3o das autoridades, cumprindo limites e compensando danos ambientais, diz o ecologista S\u00e9rgio Ricardo, fundador da organiza\u00e7\u00e3o Ba\u00eda Viva, que atua em prote\u00e7\u00e3o da Ba\u00eda de Guanabara. A demanda aumentou exponencialmente nos \u00faltimos anos, puxada pela execu\u00e7\u00e3o de obras para grandes eventos. As consequ\u00eancias para o meio ambiente s\u00e3o diversas, explica o ecologista: desmatamento, destrui\u00e7\u00e3o da faixa de terra \u00e0 borda dos rios, assoreamento, contamina\u00e7\u00e3o do len\u00e7ol fre\u00e1tico. Investiga\u00e7\u00f5es policiais e do Minist\u00e9rio P\u00fablico d\u00e3o conta de que grupos milicianos controlam alguns dos areais ilegais. As autoridades suspeitam que, em alguns casos, os grupos usam a atividade como forma de lavar dinheiro. Em julho deste ano, uma opera\u00e7\u00e3o policial prendeu um ex-PM, suspeito de participar de uma quadrilha que lavava dinheiro para milicianos dessa maneira. Segundo a pol\u00edcia, o ex-PM era s\u00f3cio de uma empresa de areia, saibro e terraplanagem que atuava em Serop\u00e9dica. A mil\u00edcia depositava dinheiro il\u00edcito nela de modo a retorn\u00e1-lo ao mercado de forma l\u00edcita. \"A fachada \u00e9 limpa, mas os recursos s\u00e3o oriundos de crimes como extors\u00e3o, homic\u00eddios, transporte irregular\", disse, em coletiva de imprensa ap\u00f3s a opera\u00e7\u00e3o, a promotora Alessandre Celente. Em alguns casos, os areais est\u00e3o dentro de \u00c1reas de Prote\u00e7\u00e3o Ambiental (APA), como no caso da \u00c1rea de Prote\u00e7\u00e3o Ambiental do Alto Igua\u00e7u e fica no entorno da Reserva Biol\u00f3gica do Tingu\u00e1. A APA foi criada em 2013 justamente para evitar ocupa\u00e7\u00e3o desordenada. H\u00e1 ali pelo menos tr\u00eas grandes areais. As investiga\u00e7\u00f5es n\u00e3o esclareceram ainda se h\u00e1 atua\u00e7\u00e3o de milicianos, mas moradores da regi\u00e3o dizem que h\u00e1 envolvimento de homens que se identificam como policiais. A Baixada Fluminense sempre foi um lugar de agricultura e atividade rural. Mesmo hoje, quando sua \u00e1rea \u00e9 ocupada por grandes cidades e favelas, ainda h\u00e1 \u00e1reas plantadas. Por isso, h\u00e1 a presen\u00e7a de alguns assentamentos, como o Terra Prometida, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o que acentua ainda mais a complexidade da situa\u00e7\u00e3o. O assentamento est\u00e1 regularizado, tem reconhecimento do Instituto Nacional de Coloniza\u00e7\u00e3o e Reforma Agr\u00e1ria (Incra) e os assentados t\u00eam t\u00edtulos dos terrenos. Mas o terreno \u00e9 cercado por areais ilegais. Em mar\u00e7o deste ano, o grupo do MST, formado por cerca de 60 fam\u00edlias, denunciou que um dos lotes em que fazem suas planta\u00e7\u00f5es, que faz fronteira com um areal, fora invadido. Segundo o grupo, homens armados e identificados como policiais amea\u00e7aram os trabalhadores rurais. Em abril, a Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade e o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) fizeram uma opera\u00e7\u00e3o que fechou e apreendeu quatro m\u00e1quinas e oito caminh\u00f5es que eram usados na extra\u00e7\u00e3o ilegal de areia. Segundo o procurador Ara\u00fajo, do Minist\u00e9rio P\u00fablico Federal, h\u00e1 den\u00fancias de que, desde ent\u00e3o, a extra\u00e7\u00e3o de \u00e1rea ali mudou, mas n\u00e3o acabou. \"H\u00e1 relatos de que eles agora atuam mais discretamente, \u00e0 noite\", diz. A repress\u00e3o a essas atividades, opina o procurador, enfrenta uma s\u00e9rie de obst\u00e1culos. Quando ela acontece, diz ele, tem efeito de curto prazo. \"Se fiscais fazem uma opera\u00e7\u00e3o num empreendimento, ser\u00e1 detido quem estiver l\u00e1 naquele dia, mas no dia seguinte j\u00e1 tem outra pessoa\". Ele diz que esse caso \u00e9 t\u00edpico. \"As respostas a problemas como esse s\u00e3o sempre sabidamente insuficientes. Fazem a\u00e7\u00f5es que chamam a aten\u00e7\u00e3o, prendem pessoas, mas ningu\u00e9m que seja importante (na quadrilha). A atividade continua.\" O procurador tamb\u00e9m critica o que descreve como \"a incapacidade dos \u00f3rg\u00e3os de se articularem para criar estrat\u00e9gias (de enfrentamento) e a dificuldade de pensar al\u00e9m das atribui\u00e7\u00f5es ordin\u00e1rias para tentar fazer frente. Ainda que n\u00e3o seja poss\u00edvel garantir a responsabilidade de quem comanda (essas atividades), pelo menos podemos cess\u00e1-las, o que \u00e9 emblem\u00e1tico e pedag\u00f3gico\", diz ele. Ele aposta que uma forma de combate mais efetiva seria a apreens\u00e3o dos equipamentos de grande porte usados para a extra\u00e7\u00e3o de minerais, como ocorre, por exemplo, em algumas opera\u00e7\u00f5es de repress\u00e3o a desmatamento na Amaz\u00f4nia. No caso deste areal espec\u00edfico, Inea e MPF est\u00e3o trabalhando para que isso venha a acontecer. Em reuni\u00e3o feita na \u00faltima quinta-feira, 19 de setembro, ficou acordado que o Inea disponibilizar\u00e1 recursos para que o Ex\u00e9rcito fa\u00e7a a remo\u00e7\u00e3o de equipamentos como silos, por exemplo. Furto de combust\u00edvel Numa noite de abril deste ano, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, uma quadrilha tentou perfurar o duto Orbel I da Transpetro. O furto n\u00e3o deu certo; houve rompimento da mangueira presa \u00e0 v\u00e1lvula, que n\u00e3o ou a alta press\u00e3o do duto. O resultado foi um vazamento de aproximadamente 237 mil litros de gasolina. Uma crian\u00e7a acabou morrendo por queimaduras qu\u00edmicas. Alguns animais e partes da vegeta\u00e7\u00e3o tamb\u00e9m foram afetados. O crime de furto de combust\u00edvel tem se tornado mais comum, n\u00e3o s\u00f3 no Rio, mas em outros Estados e pa\u00edses. No Rio, ele ocorre na Baixada Fluminense, por onde am os dutos que transportam petr\u00f3leo e combust\u00edvel e onde a mil\u00edcia exerce forte controle. O papel desses grupos ainda n\u00e3o \u00e9 claro, mas pessoas envolvidas nas investiga\u00e7\u00f5es suspeitam, por exemplo, que eles cobrem por prote\u00e7\u00e3o e \"ped\u00e1gios\". O crime n\u00e3o apenas gera preju\u00edzos milion\u00e1rios, mas pode tamb\u00e9m provocar danos longevos ao meio ambiente e \u00e0 popula\u00e7\u00e3o, pois h\u00e1 risco de vazamentos, inc\u00eandios ou explos\u00f5es. Ambientalistas explicam que um dos principais danos, nesses casos, \u00e9 a infiltra\u00e7\u00e3o desse material no solo e a contamina\u00e7\u00e3o do len\u00e7ol fre\u00e1tico, esp\u00e9cie de rios subterr\u00e2neos que s\u00e3o comumente explorados por po\u00e7os. Em rela\u00e7\u00e3o ao vazamento decorrente de furto de combust\u00edvel em Duque de Caxias, a Transpetro disse que vem atuando em parceria com os \u00f3rg\u00e3os ambientais para mitigar os impactos ao meio ambiente e \u00e0 popula\u00e7\u00e3o. A an\u00e1lise do impacto ambiental j\u00e1 come\u00e7ou, mas ainda n\u00e3o foi conclu\u00edda.","keywords":"matas, Milicia, RJ, ","datePublished":"2019-09-20T09:52:19-03:00","dateModified":"2019-09-20T09:52:19-03:00","author":{"@type":"Person","name":"BBC Brasil","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/author\/bbc\/","sameAs":[],"image":{"@type":"ImageObject","url":"https:\/\/secure.gravatar.com\/avatar\/557beb6c0445876c92e06720f0ffcb54114f4bcb61a1052423b0d64a248fb19f?s=96&d=mm&r=g","height":96,"width":96}},"editor":{"@type":"Person","name":"BBC Brasil","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/author\/bbc\/","sameAs":[],"image":{"@type":"ImageObject","url":"https:\/\/secure.gravatar.com\/avatar\/557beb6c0445876c92e06720f0ffcb54114f4bcb61a1052423b0d64a248fb19f?s=96&d=mm&r=g","height":96,"width":96}},"publisher":{"@type":"Organization","name":"Ag\u00eancia Sert\u00e3o","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com","logo":{"@type":"ImageObject","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/wp-content\/s\/2020\/12\/Logo-Agencia-Sertao-160x60-1.png","width":"160","height":"50"}},"image":[{"@type":"ImageObject","@id":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/2019\/09\/20\/como-a-milicia-ameaca-as-matas-do-rio-de-janeiro\/#primaryimage","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/wp-content\/s\/2019\/09\/como-a-milicia-ameaca-as-matas-do-rio-de-janeiro_5d8496324bac9-1200x675.jpeg","width":"1200","height":"675"},{"@type":"ImageObject","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/wp-content\/s\/2019\/09\/como-a-milicia-ameaca-as-matas-do-rio-de-janeiro_5d8496324bac9-1200x900.jpeg","width":"1200","height":"900"},{"@type":"ImageObject","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/wp-content\/s\/2019\/09\/como-a-milicia-ameaca-as-matas-do-rio-de-janeiro_5d8496324bac9-1200x675.jpeg","width":"1200","height":"675"},{"@type":"ImageObject","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/wp-content\/s\/2019\/09\/como-a-milicia-ameaca-as-matas-do-rio-de-janeiro_5d8496324bac9-320x320.jpeg","width":"320","height":"320"}]},
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Investigadores suspeitam que grupos de milicianos estejam por tr\u00e1s de alguns desses empreendimentos, que amea\u00e7am h\u00e1 d\u00e9cadas as","articleSection":"Rio de Janeiro","articleBody":"Onde havia uma encosta coberta por densa mata atl\u00e2ntica, hoje h\u00e1 pr\u00e9dios que avan\u00e7am morro acima; onde havia florestas e planta\u00e7\u00f5es, hoje h\u00e1 lagoas - n\u00e3o naturais, mas resultantes da escava\u00e7\u00e3o do terreno para extra\u00e7\u00e3o de minerais. Investigadores suspeitam que grupos de milicianos estejam por tr\u00e1s de alguns desses empreendimentos, que amea\u00e7am h\u00e1 d\u00e9cadas as matas fluminenses. Mil\u00edcias, grupos armados formados por integrantes e ex-integrantes de for\u00e7as de seguran\u00e7a do Estado, como policiais, bombeiros e agentes penitenci\u00e1rios, s\u00e3o conhecidas por controlar territ\u00f3rios e cobrar, com viol\u00eancia, taxas por servi\u00e7os, como venda de \u00e1gua, g\u00e1s, cestas de alimentos, transporte clandestino, TV a cabo e internet piratas. \t'\u00c0s vezes some algu\u00e9m': a vida na 'tranquila' favela dos suspeitos da morte de Marielle \tA busca de fam\u00edlia por tio que morreu 'duas vezes' no desabamento no Rio \"Mas h\u00e1 uma diversifica\u00e7\u00e3o grande da atua\u00e7\u00e3o desses grupos, que inclui atividades que geram uma s\u00e9rie de crimes ambientais\", diz o procurador J\u00falio Jos\u00e9 Ara\u00fajo J\u00fanior, do Minist\u00e9rio P\u00fablico Federal. E n\u00e3o \u00e9 de hoje, como conta o soci\u00f3logo Jos\u00e9 Cl\u00e1udio de Souza Alves, professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), que pesquisa a mil\u00edcia da Baixada Fluminense. \"Pelo menos desde os anos 1990 h\u00e1 relatos disso (tomando matas e ocupando-as para atividades lucrativas)\", diz o professor. A BBC News Brasil leu documentos, ouviu autoridades, especialistas e ativistas para entender quais atividades danosas ao meio ambiente esses grupos praticam, quais s\u00e3o as consequ\u00eancias para a natureza e por que muitos seguem impunes. A Secretaria de Seguran\u00e7a do Estado foi procurada, mas at\u00e9 a publica\u00e7\u00e3o deste texto, n\u00e3o havia respondido. Desmatando para construir casas e pr\u00e9dios Investigadores e pessoas que estudam grupos milicianos dizem que uma das atividades mais lucrativas da mil\u00edcia est\u00e1 diretamente ligada ao desmatamento: a constru\u00e7\u00e3o de empreendimentos imobili\u00e1rios para venda, em alguns casos avan\u00e7ando sobre \u00e1reas de prote\u00e7\u00e3o ambiental. H\u00e1 exemplos conhecidos em munic\u00edpios da Baixada Fluminense e na zona oeste do Rio, ambos lugares onde esses grupos paramilitares exercem forte controle. \"\u00c9 onde se v\u00ea mais lucro. Isso acontece porque h\u00e1 uma demanda enorme por moradia no Rio. N\u00e3o existe uma pol\u00edtica habitacional que d\u00ea conta disso. Para grande parte da popula\u00e7\u00e3o, pagar aluguel \u00e9 um peso enorme. Comprando uma casa pr\u00f3pria, ela pode ter outra perspectiva de vida, pensar em estudar. \u00c9 um grande investimento. E por outro lado tem essa oferta sem freios dos grupos milicianos\", diz Jos\u00e9. O fato de milicianos serem, como membros das for\u00e7as de seguran\u00e7a, parte do Estado, facilita a atua\u00e7\u00e3o. \"Como atuam dentro da estrutura de governo, t\u00eam o \u00e0s informa\u00e7\u00f5es, sabem de quem \u00e9 uma terra, se tem fiscaliza\u00e7\u00e3o e, se tem, sabem como evitar. Assim, conseguem mapear facilmente \u00e1reas sujeitas \u00e0 atua\u00e7\u00e3o deles\", diz o pesquisador. O bairro do Itanhang\u00e1, vizinho \u00e0 Barra da Tijuca, \u00e9 espremido entre uma encosta de densa mata atl\u00e2ntica e uma pequena lagoa. Sua fronteira se mistura com o Parque Nacional da Tijuca. Tem condom\u00ednios com casas caras, um clube de golfe e algumas das comunidades hoje controladas por milicianos, como Rio das Pedras, uma das maiores favelas da cidade, e a favela da Muzema. Esta \u00faltima cresceu rapidamente nos \u00faltimos anos, encosta acima, arrasando com o bioma e se aproximando dos limites do Parque - mais especificamente, a 50 metros de sua zona de amortecimento, como s\u00e3o chamadas as faixas de prote\u00e7\u00e3o de unidades de conserva\u00e7\u00e3o. Esp\u00e9cie de comunidade-sat\u00e9lite da vizinha Rio das Pedras, vem sendo ocupada desde a d\u00e9cada de 1960, quando o boom imobili\u00e1rio da Barra da Tijuca atraiu milhares de pessoas para trabalhar nas obras e alimentar a demanda por servi\u00e7os do bairro de classe alta. Mas seu crescimento tem sido ainda mais acelerado desde que milicianos aram a control\u00e1-la, dizem moradores, chamando a aten\u00e7\u00e3o do poder p\u00fablico. \u00c9 comum ouvir que Rio das Pedras \u00e9 o ber\u00e7o das mil\u00edcias do Rio. Ainda que n\u00e3o seja poss\u00edvel afirmar isso categoricamente, \u00e9 consenso entre pesquisadores que esses grupos t\u00eam d\u00e9cadas de atua\u00e7\u00e3o no bairro. Quando o soci\u00f3logo Ignacio Cano, que tamb\u00e9m pesquisou mil\u00edcias no Rio, come\u00e7ou a fazer pesquisa em Rio das Pedras, na d\u00e9cada de 1990, j\u00e1 havia um grupo que controlava o setor imobili\u00e1rio do territ\u00f3rio, diz ele. Em 2016, o MP abriu inqu\u00e9rito para apurar den\u00fancias de invas\u00e3o e desmatamento. Fotos que constam de a\u00e7\u00e3o civil p\u00fablica resultante da investiga\u00e7\u00e3o mostram que j\u00e1 estava avan\u00e7ada a constru\u00e7\u00e3o do condom\u00ednio Figueiras do Itanhang\u00e1, onde dois pr\u00e9dios viriam a desabar pouco anos depois, no in\u00edcio de 2019, matando 24 pessoas. Moradores dizem que os empreendimentos pertencem e s\u00e3o controlados por milicianos. Investiga\u00e7\u00f5es d\u00e3o conta de que de fato im\u00f3veis foram financiados por um desses grupos paramilitares. A a\u00e7\u00e3o civil do MP indica que pelo menos desde 2005 autoridades municipais sabiam que estavam sendo feitas obras para implanta\u00e7\u00e3o de loteamento clandestino, em terreno de encosta, com entrada e guarita de seguran\u00e7a. \"O terreno \u00e9 em aclive, em especial, em sua por\u00e7\u00e3o posterior, onde, junto ao limite da \u00e1rea ocupada, existe encosta com declividade superior a 45 graus, podendo ser classificada como \u00c1rea de Preserva\u00e7\u00e3o Permanente\", diz trecho da a\u00e7\u00e3o. As consequ\u00eancias ambientais da constru\u00e7\u00e3o do empreendimento tamb\u00e9m s\u00e3o descritas na a\u00e7\u00e3o e foram elaboradas pelo Grupo de Apoio T\u00e9cnico Especializado do MP: eros\u00e3o, assoreamento de cursos de \u00e1gua, desestabiliza\u00e7\u00e3o da encosta, afugentamento de animais, perda de biodiversidade e material gen\u00e9tico, degrada\u00e7\u00e3o do ecossistema que sobra, impermeabiliza\u00e7\u00e3o do solo e aumento do escoamento de \u00e1gua de chuva, altera\u00e7\u00e3o do microclima local, potencial polui\u00e7\u00e3o h\u00eddrica em decorr\u00eancia da aus\u00eancia de sistema de esgotamento sanit\u00e1rio e sobrecarga na rede existente, altera\u00e7\u00e3o da paisagem, adensamento populacional sobrecarregando a infraestrutura existente. O procurador J\u00falio Jos\u00e9 Ara\u00fajo J\u00fanior, do Minist\u00e9rio P\u00fablico Federal, que atua na Baixada Fluminense, diz que uma das principais dificuldades de atuar contra esse tipo de crime \u00e9 que existem vias que d\u00e3o chancela legal a esses empreendimentos. \"O desmatamento ocorre, um loteamento \u00e9 feito, pede-se a regulariza\u00e7\u00e3o fundi\u00e1ria. \u00c9 assim que funciona qualquer ocupa\u00e7\u00e3o. Existe uma popula\u00e7\u00e3o que est\u00e1 morando ali e instala-se um dilema - ou voc\u00ea tira eles dali ou regulariza a terra\", diz o procurador. Areais Outra frente de atua\u00e7\u00e3o de grupos paramilitares danosa ao meio ambiente \u00e9 a extra\u00e7\u00e3o de areia do solo. O produto de areais depois alimenta a constru\u00e7\u00e3o civil. \"A areia vai sendo extra\u00edda e lagoas v\u00e3o se formando naquelas \u00e1reas, inviabilizando a terra e avan\u00e7ando sobre \u00e1reas protegidas\", diz o promotor Ara\u00fajo. A pr\u00e1tica de extrair areia e outros minerais \u00e9 antiga na Baixada e pode ser legal, se feita com autoriza\u00e7\u00e3o das autoridades, cumprindo limites e compensando danos ambientais, diz o ecologista S\u00e9rgio Ricardo, fundador da organiza\u00e7\u00e3o Ba\u00eda Viva, que atua em prote\u00e7\u00e3o da Ba\u00eda de Guanabara. A demanda aumentou exponencialmente nos \u00faltimos anos, puxada pela execu\u00e7\u00e3o de obras para grandes eventos. As consequ\u00eancias para o meio ambiente s\u00e3o diversas, explica o ecologista: desmatamento, destrui\u00e7\u00e3o da faixa de terra \u00e0 borda dos rios, assoreamento, contamina\u00e7\u00e3o do len\u00e7ol fre\u00e1tico. Investiga\u00e7\u00f5es policiais e do Minist\u00e9rio P\u00fablico d\u00e3o conta de que grupos milicianos controlam alguns dos areais ilegais. As autoridades suspeitam que, em alguns casos, os grupos usam a atividade como forma de lavar dinheiro. Em julho deste ano, uma opera\u00e7\u00e3o policial prendeu um ex-PM, suspeito de participar de uma quadrilha que lavava dinheiro para milicianos dessa maneira. Segundo a pol\u00edcia, o ex-PM era s\u00f3cio de uma empresa de areia, saibro e terraplanagem que atuava em Serop\u00e9dica. A mil\u00edcia depositava dinheiro il\u00edcito nela de modo a retorn\u00e1-lo ao mercado de forma l\u00edcita. \"A fachada \u00e9 limpa, mas os recursos s\u00e3o oriundos de crimes como extors\u00e3o, homic\u00eddios, transporte irregular\", disse, em coletiva de imprensa ap\u00f3s a opera\u00e7\u00e3o, a promotora Alessandre Celente. Em alguns casos, os areais est\u00e3o dentro de \u00c1reas de Prote\u00e7\u00e3o Ambiental (APA), como no caso da \u00c1rea de Prote\u00e7\u00e3o Ambiental do Alto Igua\u00e7u e fica no entorno da Reserva Biol\u00f3gica do Tingu\u00e1. A APA foi criada em 2013 justamente para evitar ocupa\u00e7\u00e3o desordenada. H\u00e1 ali pelo menos tr\u00eas grandes areais. As investiga\u00e7\u00f5es n\u00e3o esclareceram ainda se h\u00e1 atua\u00e7\u00e3o de milicianos, mas moradores da regi\u00e3o dizem que h\u00e1 envolvimento de homens que se identificam como policiais. A Baixada Fluminense sempre foi um lugar de agricultura e atividade rural. Mesmo hoje, quando sua \u00e1rea \u00e9 ocupada por grandes cidades e favelas, ainda h\u00e1 \u00e1reas plantadas. Por isso, h\u00e1 a presen\u00e7a de alguns assentamentos, como o Terra Prometida, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o que acentua ainda mais a complexidade da situa\u00e7\u00e3o. O assentamento est\u00e1 regularizado, tem reconhecimento do Instituto Nacional de Coloniza\u00e7\u00e3o e Reforma Agr\u00e1ria (Incra) e os assentados t\u00eam t\u00edtulos dos terrenos. Mas o terreno \u00e9 cercado por areais ilegais. Em mar\u00e7o deste ano, o grupo do MST, formado por cerca de 60 fam\u00edlias, denunciou que um dos lotes em que fazem suas planta\u00e7\u00f5es, que faz fronteira com um areal, fora invadido. Segundo o grupo, homens armados e identificados como policiais amea\u00e7aram os trabalhadores rurais. Em abril, a Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade e o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) fizeram uma opera\u00e7\u00e3o que fechou e apreendeu quatro m\u00e1quinas e oito caminh\u00f5es que eram usados na extra\u00e7\u00e3o ilegal de areia. Segundo o procurador Ara\u00fajo, do Minist\u00e9rio P\u00fablico Federal, h\u00e1 den\u00fancias de que, desde ent\u00e3o, a extra\u00e7\u00e3o de \u00e1rea ali mudou, mas n\u00e3o acabou. \"H\u00e1 relatos de que eles agora atuam mais discretamente, \u00e0 noite\", diz. A repress\u00e3o a essas atividades, opina o procurador, enfrenta uma s\u00e9rie de obst\u00e1culos. Quando ela acontece, diz ele, tem efeito de curto prazo. \"Se fiscais fazem uma opera\u00e7\u00e3o num empreendimento, ser\u00e1 detido quem estiver l\u00e1 naquele dia, mas no dia seguinte j\u00e1 tem outra pessoa\". Ele diz que esse caso \u00e9 t\u00edpico. \"As respostas a problemas como esse s\u00e3o sempre sabidamente insuficientes. Fazem a\u00e7\u00f5es que chamam a aten\u00e7\u00e3o, prendem pessoas, mas ningu\u00e9m que seja importante (na quadrilha). A atividade continua.\" O procurador tamb\u00e9m critica o que descreve como \"a incapacidade dos \u00f3rg\u00e3os de se articularem para criar estrat\u00e9gias (de enfrentamento) e a dificuldade de pensar al\u00e9m das atribui\u00e7\u00f5es ordin\u00e1rias para tentar fazer frente. Ainda que n\u00e3o seja poss\u00edvel garantir a responsabilidade de quem comanda (essas atividades), pelo menos podemos cess\u00e1-las, o que \u00e9 emblem\u00e1tico e pedag\u00f3gico\", diz ele. Ele aposta que uma forma de combate mais efetiva seria a apreens\u00e3o dos equipamentos de grande porte usados para a extra\u00e7\u00e3o de minerais, como ocorre, por exemplo, em algumas opera\u00e7\u00f5es de repress\u00e3o a desmatamento na Amaz\u00f4nia. No caso deste areal espec\u00edfico, Inea e MPF est\u00e3o trabalhando para que isso venha a acontecer. Em reuni\u00e3o feita na \u00faltima quinta-feira, 19 de setembro, ficou acordado que o Inea disponibilizar\u00e1 recursos para que o Ex\u00e9rcito fa\u00e7a a remo\u00e7\u00e3o de equipamentos como silos, por exemplo. Furto de combust\u00edvel Numa noite de abril deste ano, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, uma quadrilha tentou perfurar o duto Orbel I da Transpetro. O furto n\u00e3o deu certo; houve rompimento da mangueira presa \u00e0 v\u00e1lvula, que n\u00e3o ou a alta press\u00e3o do duto. O resultado foi um vazamento de aproximadamente 237 mil litros de gasolina. Uma crian\u00e7a acabou morrendo por queimaduras qu\u00edmicas. Alguns animais e partes da vegeta\u00e7\u00e3o tamb\u00e9m foram afetados. O crime de furto de combust\u00edvel tem se tornado mais comum, n\u00e3o s\u00f3 no Rio, mas em outros Estados e pa\u00edses. No Rio, ele ocorre na Baixada Fluminense, por onde am os dutos que transportam petr\u00f3leo e combust\u00edvel e onde a mil\u00edcia exerce forte controle. O papel desses grupos ainda n\u00e3o \u00e9 claro, mas pessoas envolvidas nas investiga\u00e7\u00f5es suspeitam, por exemplo, que eles cobrem por prote\u00e7\u00e3o e \"ped\u00e1gios\". O crime n\u00e3o apenas gera preju\u00edzos milion\u00e1rios, mas pode tamb\u00e9m provocar danos longevos ao meio ambiente e \u00e0 popula\u00e7\u00e3o, pois h\u00e1 risco de vazamentos, inc\u00eandios ou explos\u00f5es. Ambientalistas explicam que um dos principais danos, nesses casos, \u00e9 a infiltra\u00e7\u00e3o desse material no solo e a contamina\u00e7\u00e3o do len\u00e7ol fre\u00e1tico, esp\u00e9cie de rios subterr\u00e2neos que s\u00e3o comumente explorados por po\u00e7os. Em rela\u00e7\u00e3o ao vazamento decorrente de furto de combust\u00edvel em Duque de Caxias, a Transpetro disse que vem atuando em parceria com os \u00f3rg\u00e3os ambientais para mitigar os impactos ao meio ambiente e \u00e0 popula\u00e7\u00e3o. A an\u00e1lise do impacto ambiental j\u00e1 come\u00e7ou, mas ainda n\u00e3o foi conclu\u00edda.","keywords":["matas"," Milicia"," RJ"," "],"name":"Como a mil\u00edcia amea\u00e7a as matas do Rio de Janeiro","thumbnailUrl":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/wp-content\/s\/2019\/09\/como-a-milicia-ameaca-as-matas-do-rio-de-janeiro_5d8496324bac9-150x150.jpeg","wordCount":"1970","timeRequired":"PT8M45S","mainEntity":{"@type":"WebPage","@id":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/2019\/09\/20\/como-a-milicia-ameaca-as-matas-do-rio-de-janeiro\/"},"author":{"@type":"Person","name":"BBC Brasil","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/author\/bbc\/","sameAs":[],"image":{"@type":"ImageObject","url":"https:\/\/secure.gravatar.com\/avatar\/557beb6c0445876c92e06720f0ffcb54114f4bcb61a1052423b0d64a248fb19f?s=96&d=mm&r=g","height":96,"width":96}},"editor":{"@type":"Person","name":"BBC Brasil","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/author\/bbc\/","sameAs":[],"image":{"@type":"ImageObject","url":"https:\/\/secure.gravatar.com\/avatar\/557beb6c0445876c92e06720f0ffcb54114f4bcb61a1052423b0d64a248fb19f?s=96&d=mm&r=g","height":96,"width":96}},"publisher":{"@type":"Organization","name":"Ag\u00eancia Sert\u00e3o","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com","logo":{"@type":"ImageObject","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/wp-content\/s\/2020\/12\/Logo-Agencia-Sertao-160x60-1.png","width":"160","height":"50"}},"speakable":{"@type":"SpeakableSpecification","xpath":["\/html\/head\/title","\/html\/head\/meta[@name='description']\/@content"]},"image":[{"@type":"ImageObject","@id":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/2019\/09\/20\/como-a-milicia-ameaca-as-matas-do-rio-de-janeiro\/#primaryimage","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/wp-content\/s\/2019\/09\/como-a-milicia-ameaca-as-matas-do-rio-de-janeiro_5d8496324bac9-1200x675.jpeg","width":"1200","height":"675"},{"@type":"ImageObject","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/wp-content\/s\/2019\/09\/como-a-milicia-ameaca-as-matas-do-rio-de-janeiro_5d8496324bac9-1200x900.jpeg","width":"1200","height":"900"},{"@type":"ImageObject","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/wp-content\/s\/2019\/09\/como-a-milicia-ameaca-as-matas-do-rio-de-janeiro_5d8496324bac9-1200x675.jpeg","width":"1200","height":"675"},{"@type":"ImageObject","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/wp-content\/s\/2019\/09\/como-a-milicia-ameaca-as-matas-do-rio-de-janeiro_5d8496324bac9-320x320.jpeg","width":"320","height":"320"}]}]
Onde havia uma encosta coberta por densa mata atlântica, hoje há prédios que avançam morro acima; onde havia florestas e plantações, hoje há lagoas – não naturais, mas resultantes da escavação do terreno para extração de minerais.
Investigadores suspeitam que grupos de milicianos estejam por trás de alguns desses empreendimentos, que ameaçam há décadas as matas fluminenses.
Milícias, grupos armados formados por integrantes e ex-integrantes de forças de segurança do Estado, como policiais, bombeiros e agentes penitenciários, são conhecidas por controlar territórios e cobrar, com violência, taxas por serviços, como venda de água, gás, cestas de alimentos, transporte clandestino, TV a cabo e internet piratas.
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A busca de família por tio que morreu ‘duas vezes’ no desabamento no Rio
“Mas há uma diversificação grande da atuação desses grupos, que inclui atividades que geram uma série de crimes ambientais”, diz o procurador Júlio José Araújo Júnior, do Ministério Público Federal.
E não é de hoje, como conta o sociólogo José Cláudio de Souza Alves, professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), que pesquisa a milícia da Baixada Fluminense. “Pelo menos desde os anos 1990 há relatos disso (tomando matas e ocupando-as para atividades lucrativas)”, diz o professor.
A BBC News Brasil leu documentos, ouviu autoridades, especialistas e ativistas para entender quais atividades danosas ao meio ambiente esses grupos praticam, quais são as consequências para a natureza e por que muitos seguem impunes.
A Secretaria de Segurança do Estado foi procurada, mas até a publicação deste texto, não havia respondido.
Desmatando para construir casas e prédios
Investigadores e pessoas que estudam grupos milicianos dizem que uma das atividades mais lucrativas da milícia está diretamente ligada ao desmatamento: a construção de empreendimentos imobiliários para venda, em alguns casos avançando sobre áreas de proteção ambiental. Há exemplos conhecidos em municípios da Baixada Fluminense e na zona oeste do Rio, ambos lugares onde esses grupos paramilitares exercem forte controle.
“É onde se vê mais lucro. Isso acontece porque há uma demanda enorme por moradia no Rio. Não existe uma política habitacional que dê conta disso. Para grande parte da população, pagar aluguel é um peso enorme. Comprando uma casa própria, ela pode ter outra perspectiva de vida, pensar em estudar. É um grande investimento. E por outro lado tem essa oferta sem freios dos grupos milicianos”, diz José.
O fato de milicianos serem, como membros das forças de segurança, parte do Estado, facilita a atuação. “Como atuam dentro da estrutura de governo, têm o às informações, sabem de quem é uma terra, se tem fiscalização e, se tem, sabem como evitar. Assim, conseguem mapear facilmente áreas sujeitas à atuação deles”, diz o pesquisador.
O bairro do Itanhangá, vizinho à Barra da Tijuca, é espremido entre uma encosta de densa mata atlântica e uma pequena lagoa. Sua fronteira se mistura com o Parque Nacional da Tijuca. Tem condomínios com casas caras, um clube de golfe e algumas das comunidades hoje controladas por milicianos, como Rio das Pedras, uma das maiores favelas da cidade, e a favela da Muzema.
Esta última cresceu rapidamente nos últimos anos, encosta acima, arrasando com o bioma e se aproximando dos limites do Parque – mais especificamente, a 50 metros de sua zona de amortecimento, como são chamadas as faixas de proteção de unidades de conservação.
Espécie de comunidade-satélite da vizinha Rio das Pedras, vem sendo ocupada desde a década de 1960, quando o boom imobiliário da Barra da Tijuca atraiu milhares de pessoas para trabalhar nas obras e alimentar a demanda por serviços do bairro de classe alta.
Mas seu crescimento tem sido ainda mais acelerado desde que milicianos aram a controlá-la, dizem moradores, chamando a atenção do poder público.
É comum ouvir que Rio das Pedras é o berço das milícias do Rio. Ainda que não seja possível afirmar isso categoricamente, é consenso entre pesquisadores que esses grupos têm décadas de atuação no bairro.
Quando o sociólogo Ignacio Cano, que também pesquisou milícias no Rio, começou a fazer pesquisa em Rio das Pedras, na década de 1990, já havia um grupo que controlava o setor imobiliário do território, diz ele.
Em 2016, o MP abriu inquérito para apurar denúncias de invasão e desmatamento. Fotos que constam de ação civil pública resultante da investigação mostram que já estava avançada a construção do condomínio Figueiras do Itanhangá, onde dois prédios viriam a desabar pouco anos depois, no início de 2019, matando 24 pessoas. Moradores dizem que os empreendimentos pertencem e são controlados por milicianos. Investigações dão conta de que de fato imóveis foram financiados por um desses grupos paramilitares.
A ação civil do MP indica que pelo menos desde 2005 autoridades municipais sabiam que estavam sendo feitas obras para implantação de loteamento clandestino, em terreno de encosta, com entrada e guarita de segurança.
“O terreno é em aclive, em especial, em sua porção posterior, onde, junto ao limite da área ocupada, existe encosta com declividade superior a 45 graus, podendo ser classificada como Área de Preservação Permanente”, diz trecho da ação.
As consequências ambientais da construção do empreendimento também são descritas na ação e foram elaboradas pelo Grupo de Apoio Técnico Especializado do MP: erosão, assoreamento de cursos de água, desestabilização da encosta, afugentamento de animais, perda de biodiversidade e material genético, degradação do ecossistema que sobra, impermeabilização do solo e aumento do escoamento de água de chuva, alteração do microclima local, potencial poluição hídrica em decorrência da ausência de sistema de esgotamento sanitário e sobrecarga na rede existente, alteração da paisagem, adensamento populacional sobrecarregando a infraestrutura existente.
O procurador Júlio José Araújo Júnior, do Ministério Público Federal, que atua na Baixada Fluminense, diz que uma das principais dificuldades de atuar contra esse tipo de crime é que existem vias que dão chancela legal a esses empreendimentos. “O desmatamento ocorre, um loteamento é feito, pede-se a regularização fundiária. É assim que funciona qualquer ocupação. Existe uma população que está morando ali e instala-se um dilema – ou você tira eles dali ou regulariza a terra”, diz o procurador.
Areais
Outra frente de atuação de grupos paramilitares danosa ao meio ambiente é a extração de areia do solo. O produto de areais depois alimenta a construção civil.
“A areia vai sendo extraída e lagoas vão se formando naquelas áreas, inviabilizando a terra e avançando sobre áreas protegidas”, diz o promotor Araújo.
A prática de extrair areia e outros minerais é antiga na Baixada e pode ser legal, se feita com autorização das autoridades, cumprindo limites e compensando danos ambientais, diz o ecologista Sérgio Ricardo, fundador da organização Baía Viva, que atua em proteção da Baía de Guanabara. A demanda aumentou exponencialmente nos últimos anos, puxada pela execução de obras para grandes eventos.
As consequências para o meio ambiente são diversas, explica o ecologista: desmatamento, destruição da faixa de terra à borda dos rios, assoreamento, contaminação do lençol freático.
Investigações policiais e do Ministério Público dão conta de que grupos milicianos controlam alguns dos areais ilegais.
As autoridades suspeitam que, em alguns casos, os grupos usam a atividade como forma de lavar dinheiro.
Em julho deste ano, uma operação policial prendeu um ex-PM, suspeito de participar de uma quadrilha que lavava dinheiro para milicianos dessa maneira.
Segundo a polícia, o ex-PM era sócio de uma empresa de areia, saibro e terraplanagem que atuava em Seropédica. A milícia depositava dinheiro ilícito nela de modo a retorná-lo ao mercado de forma lícita.
“A fachada é limpa, mas os recursos são oriundos de crimes como extorsão, homicídios, transporte irregular”, disse, em coletiva de imprensa após a operação, a promotora Alessandre Celente.
Em alguns casos, os areais estão dentro de Áreas de Proteção Ambiental (APA), como no caso da Área de Proteção Ambiental do Alto Iguaçu e fica no entorno da Reserva Biológica do Tinguá.
A APA foi criada em 2013 justamente para evitar ocupação desordenada.
Há ali pelo menos três grandes areais. As investigações não esclareceram ainda se há atuação de milicianos, mas moradores da região dizem que há envolvimento de homens que se identificam como policiais.
A Baixada Fluminense sempre foi um lugar de agricultura e atividade rural. Mesmo hoje, quando sua área é ocupada por grandes cidades e favelas, ainda há áreas plantadas. Por isso, há a presença de alguns assentamentos, como o Terra Prometida, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o que acentua ainda mais a complexidade da situação. O assentamento está regularizado, tem reconhecimento do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e os assentados têm títulos dos terrenos. Mas o terreno é cercado por areais ilegais.
Em março deste ano, o grupo do MST, formado por cerca de 60 famílias, denunciou que um dos lotes em que fazem suas plantações, que faz fronteira com um areal, fora invadido. Segundo o grupo, homens armados e identificados como policiais ameaçaram os trabalhadores rurais.
Em abril, a Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade e o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) fizeram uma operação que fechou e apreendeu quatro máquinas e oito caminhões que eram usados na extração ilegal de areia.
Segundo o procurador Araújo, do Ministério Público Federal, há denúncias de que, desde então, a extração de área ali mudou, mas não acabou. “Há relatos de que eles agora atuam mais discretamente, à noite”, diz.
A repressão a essas atividades, opina o procurador, enfrenta uma série de obstáculos. Quando ela acontece, diz ele, tem efeito de curto prazo. “Se fiscais fazem uma operação num empreendimento, será detido quem estiver lá naquele dia, mas no dia seguinte já tem outra pessoa”.
Ele diz que esse caso é típico. “As respostas a problemas como esse são sempre sabidamente insuficientes. Fazem ações que chamam a atenção, prendem pessoas, mas ninguém que seja importante (na quadrilha). A atividade continua.”
O procurador também critica o que descreve como “a incapacidade dos órgãos de se articularem para criar estratégias (de enfrentamento) e a dificuldade de pensar além das atribuições ordinárias para tentar fazer frente. Ainda que não seja possível garantir a responsabilidade de quem comanda (essas atividades), pelo menos podemos cessá-las, o que é emblemático e pedagógico”, diz ele.
Ele aposta que uma forma de combate mais efetiva seria a apreensão dos equipamentos de grande porte usados para a extração de minerais, como ocorre, por exemplo, em algumas operações de repressão a desmatamento na Amazônia.
No caso deste areal específico, Inea e MPF estão trabalhando para que isso venha a acontecer. Em reunião feita na última quinta-feira, 19 de setembro, ficou acordado que o Inea disponibilizará recursos para que o Exército faça a remoção de equipamentos como silos, por exemplo.
Furto de combustível
Numa noite de abril deste ano, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, uma quadrilha tentou perfurar o duto Orbel I da Transpetro. O furto não deu certo; houve rompimento da mangueira presa à válvula, que não ou a alta pressão do duto. O resultado foi um vazamento de aproximadamente 237 mil litros de gasolina. Uma criança acabou morrendo por queimaduras químicas. Alguns animais e partes da vegetação também foram afetados.
O crime de furto de combustível tem se tornado mais comum, não só no Rio, mas em outros Estados e países. No Rio, ele ocorre na Baixada Fluminense, por onde am os dutos que transportam petróleo e combustível e onde a milícia exerce forte controle. O papel desses grupos ainda não é claro, mas pessoas envolvidas nas investigações suspeitam, por exemplo, que eles cobrem por proteção e “pedágios”.
O crime não apenas gera prejuízos milionários, mas pode também provocar danos longevos ao meio ambiente e à população, pois há risco de vazamentos, incêndios ou explosões.
Ambientalistas explicam que um dos principais danos, nesses casos, é a infiltração desse material no solo e a contaminação do lençol freático, espécie de rios subterrâneos que são comumente explorados por poços.
Em relação ao vazamento decorrente de furto de combustível em Duque de Caxias, a Transpetro disse que vem atuando em parceria com os órgãos ambientais para mitigar os impactos ao meio ambiente e à população. A análise do impacto ambiental já começou, mas ainda não foi concluída.