/*! This file is auto-generated */
.wp-block-button__link{color:#fff;background-color:#32373c;border-radius:9999px;box-shadow:none;text-decoration:none;padding:calc(.667em + 2px) calc(1.333em + 2px);font-size:1.125em}.wp-block-file__button{background:#32373c;color:#fff;text-decoration:none} [{"@context":"https:\/\/schema.org\/","@type":"BlogPosting","@id":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/2019\/06\/26\/festa-junina-e-aula-de-gastronomia-e-historia\/#BlogPosting","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/2019\/06\/26\/festa-junina-e-aula-de-gastronomia-e-historia\/","inLanguage":"pt-BR","mainEntityOfPage":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/2019\/06\/26\/festa-junina-e-aula-de-gastronomia-e-historia\/","headline":"Festa junina \u00e9 aula de gastronomia e hist\u00f3ria","description":"Um eio entre as barracas de comida dos \"arrai\u00e1s\" juninos pode render algumas calorias e, aos glut\u00f5es caipiras mais curiosos, algum conhecimento sobre a forma\u00e7\u00e3o cultural brasileira e a nossa culin\u00e1ria. Quem explica \u00e9 a professora de gastronomia Luiza Buscariolli, que leciona no Senac-DF e no UniCeub e ensinou aos leitores da\u00a0Ag\u00eancia Brasil\u00a0dois pratos t\u00edpicos","articleBody":"Um eio entre as barracas de comida dos \"arrai\u00e1s\" juninos pode render algumas calorias e, aos glut\u00f5es caipiras mais curiosos, algum conhecimento sobre a forma\u00e7\u00e3o cultural brasileira e a nossa culin\u00e1ria. Quem explica \u00e9 a professora de gastronomia Luiza Buscariolli, que leciona no Senac-DF e no UniCeub e ensinou aos leitores da\u00a0Ag\u00eancia Brasil\u00a0dois pratos t\u00edpicos do S\u00e3o Jo\u00e3o. Segundo ela, os quitutes guardam a hist\u00f3ria dos portugueses e dos povos amer\u00edndios que habitavam o pa\u00eds antes dos nossos colonizadores. Professora de gastronomia Luiza Buscariolli -\u00a0Ag\u00eancia Brasil\/Marcello Casal Jr \u201cA gente sabe que havia algumas festas neste m\u00eas\u00a0de junho\u00a0que os ind\u00edgenas faziam. Quando os jesu\u00edtas estiveram no Brasil , aproveitaram dessas festas para trazer a tradi\u00e7\u00e3o de festas juninas, que por sua vez eram uma apropria\u00e7\u00e3o das antigas festas pag\u00e3s por causa do solst\u00edcio de ver\u00e3o, que no hemisf\u00e9rio sul \u00e9 solst\u00edcio de inverno\u201d, revela. Enquanto prepara uma por\u00e7\u00e3o do prato Maria Isabel, comida t\u00edpica da regi\u00e3o\u00a0hoje\u00a0conhecida como o Estado do Piau\u00ed, que mistura arroz com carne-de-sol, Buscariolli lembra que a iguaria guarda rela\u00e7\u00e3o com o ciclo de gado iniciado pelos portugueses no Brasil (s\u00e9culo 16). A atividade pecu\u00e1ria foi introduzida por Tom\u00e9 de Souza, primeiro governador-geral (1549 a 1553) ainda no tempo das capitanias heredit\u00e1rias, para transporte e alimenta\u00e7\u00e3o. O prato Maria Isabel, assim como a pa\u00e7oca de carne de sol tamb\u00e9m do Nordeste; o arroz carreteiro (com charque ou carne seca) do Sul e o feij\u00e3o tropeiro (com torresmo e lingui\u00e7a) dos sert\u00f5es de S\u00e3o Paulo, Minas Gerais e Goi\u00e1s (esse no s\u00e9culo 17), s\u00e3o comidas que podiam ser armazenadas e transportadas em longas viagens. \u201cA l\u00f3gica \u00e9 tudo seco, porque se conseguia colocar em uma bolsa \u201d. Na hora da fome, a carne era picada e misturada. \u201odiam usar \u00e1gua para fazer reidrata\u00e7\u00e3o\u201d, assinala a professora de gastronomia. Al\u00e9m da prote\u00edna animal, outros ingredientes desses pratos comp\u00f5em nossa hist\u00f3ria. O arroz, do Maria Isabel, foi trazido da \u00c1sia pelos colonizadores portugueses. A farinha de mandioca tem origem ind\u00edgena, e o feij\u00e3o, ingerido pelo homem desde a antiguidade, tem esp\u00e9cies aut\u00f3ctones no Brasil e outros pa\u00edses americanos. Assim como a mandioca, usada na produ\u00e7\u00e3o da farinha e do beiju, os ind\u00edgenas trouxeram ao card\u00e1pio junino os pratos a base de milho. Iguarias provadas durante as festas, como a espiga cozida, curau, pamonha e canjica foram ensinados aos colonizadores pelos ind\u00edgenas. \u201ara os portugueses, milho era comida de animal. Foi muito dif\u00edcil aceitarem. aram a comer porque n\u00e3o tinha outra coisa\u201d, explica Luiza Buscariolli ao preparar um bolo de milho com goiabada para a\u00a0Ag\u00eancia Brasil. A conforma\u00e7\u00e3o desses pratos teve in\u00edcio antes do ciclo do a\u00e7\u00facar (come\u00e7ado ainda no s\u00e9culo 16), que ajudou a ado\u00e7ar muitas iguarias juninas, e bem antes do ciclo da minera\u00e7\u00e3o (s\u00e9culo 18) que se notabilizam pelo intenso uso de m\u00e3o de obra escrava violentamente traficada da \u00c1frica. Luiza Buscariolli sublinha que na condi\u00e7\u00e3o de escravo, eram restritas a autonomia dessas pessoas at\u00e9 para se alimentar. \u201cA possibilidade de escolher o que cozinhar e com que alimento vem depois da escravid\u00e3o. Ela nota, no entanto, que os negros ap\u00f3s o fim da escravid\u00e3o ir\u00e3o se ocupar de preparar e vender alimentos nas ruas em tabuleiros, como aqueles que ainda\u00a0hoje\u00a0vendem cocadas em \u00e1reas do litoral brasileiro - \u201cuma conserva de coco\u201d, como sabiam fazer os portugueses sob influ\u00eancia sa. Fonte:\u00a0\u00a0Gilberto Costa \u2013 Rep\u00f3rter da Ag\u00eancia Brasil","keywords":"Festas Juninas, S\u00e3o Jo\u00e3o, ","datePublished":"2019-06-26T10:01:21-03:00","dateModified":"2019-06-26T10:01:21-03:00","author":{"@type":"Person","name":"Ag\u00eancia Brasil EBC","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/author\/agenciabrasil\/","sameAs":[],"image":{"@type":"ImageObject","url":"https:\/\/secure.gravatar.com\/avatar\/74ab75c9c99b3865acded579ea3318dcbd236f565e51e52c5d3b72b34b76e50c?s=96&d=mm&r=g","height":96,"width":96}},"editor":{"@type":"Person","name":"Ag\u00eancia Brasil EBC","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/author\/agenciabrasil\/","sameAs":[],"image":{"@type":"ImageObject","url":"https:\/\/secure.gravatar.com\/avatar\/74ab75c9c99b3865acded579ea3318dcbd236f565e51e52c5d3b72b34b76e50c?s=96&d=mm&r=g","height":96,"width":96}},"publisher":{"@type":"Organization","name":"Ag\u00eancia Sert\u00e3o","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com","logo":{"@type":"ImageObject","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/wp-content\/s\/2020\/12\/Logo-Agencia-Sertao-160x60-1.png","width":"160","height":"50"}},"image":[{"@type":"ImageObject","@id":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/2019\/06\/26\/festa-junina-e-aula-de-gastronomia-e-historia\/#primaryimage","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/wp-content\/s\/2019\/06\/comida-junina-sao-joao-1200x800.jpg","width":"1200","height":"800"},{"@type":"ImageObject","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/wp-content\/s\/2019\/06\/comida-junina-sao-joao-1200x900.jpg","width":"1200","height":"900"},{"@type":"ImageObject","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/wp-content\/s\/2019\/06\/comida-junina-sao-joao-1200x675.jpg","width":"1200","height":"675"},{"@type":"ImageObject","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/wp-content\/s\/2019\/06\/comida-junina-sao-joao-800x800.jpg","width":"800","height":"800"},{"@type":"ImageObject","url":"http:\/\/imagens.ebc.com.br\/s57QHOVET0YDj1wMo40j0t4yxzQ=\/754x0\/smart\/http:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/sites\/default\/files\/thumbnails\/image\/professora_de_gastronomia_luiza_buscariolli_0.jpg?itok=_EV9JRLp","width":0,"height":0,"caption":"Professora de gastronomia Luiza Buscariolli"}]},
{"@context":"https:\/\/schema.org\/","@type":"NewsArticle","@id":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/2019\/06\/26\/festa-junina-e-aula-de-gastronomia-e-historia\/#newsarticle","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/2019\/06\/26\/festa-junina-e-aula-de-gastronomia-e-historia\/","headline":"Festa junina \u00e9 aula de gastronomia e hist\u00f3ria","mainEntityOfPage":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/2019\/06\/26\/festa-junina-e-aula-de-gastronomia-e-historia\/","datePublished":"2019-06-26T10:01:21-03:00","dateModified":"2019-06-26T10:01:21-03:00","description":"Um eio entre as barracas de comida dos \"arrai\u00e1s\" juninos pode render algumas calorias e, aos glut\u00f5es caipiras mais curiosos, algum conhecimento sobre a forma\u00e7\u00e3o cultural brasileira e a nossa culin\u00e1ria. Quem explica \u00e9 a professora de gastronomia Luiza Buscariolli, que leciona no Senac-DF e no UniCeub e ensinou aos leitores da\u00a0Ag\u00eancia Brasil\u00a0dois pratos t\u00edpicos","articleSection":"S\u00e3o Jo\u00e3o","articleBody":"Um eio entre as barracas de comida dos \"arrai\u00e1s\" juninos pode render algumas calorias e, aos glut\u00f5es caipiras mais curiosos, algum conhecimento sobre a forma\u00e7\u00e3o cultural brasileira e a nossa culin\u00e1ria. Quem explica \u00e9 a professora de gastronomia Luiza Buscariolli, que leciona no Senac-DF e no UniCeub e ensinou aos leitores da\u00a0Ag\u00eancia Brasil\u00a0dois pratos t\u00edpicos do S\u00e3o Jo\u00e3o. Segundo ela, os quitutes guardam a hist\u00f3ria dos portugueses e dos povos amer\u00edndios que habitavam o pa\u00eds antes dos nossos colonizadores. Professora de gastronomia Luiza Buscariolli -\u00a0Ag\u00eancia Brasil\/Marcello Casal Jr \u201cA gente sabe que havia algumas festas neste m\u00eas\u00a0de junho\u00a0que os ind\u00edgenas faziam. Quando os jesu\u00edtas estiveram no Brasil , aproveitaram dessas festas para trazer a tradi\u00e7\u00e3o de festas juninas, que por sua vez eram uma apropria\u00e7\u00e3o das antigas festas pag\u00e3s por causa do solst\u00edcio de ver\u00e3o, que no hemisf\u00e9rio sul \u00e9 solst\u00edcio de inverno\u201d, revela. Enquanto prepara uma por\u00e7\u00e3o do prato Maria Isabel, comida t\u00edpica da regi\u00e3o\u00a0hoje\u00a0conhecida como o Estado do Piau\u00ed, que mistura arroz com carne-de-sol, Buscariolli lembra que a iguaria guarda rela\u00e7\u00e3o com o ciclo de gado iniciado pelos portugueses no Brasil (s\u00e9culo 16). A atividade pecu\u00e1ria foi introduzida por Tom\u00e9 de Souza, primeiro governador-geral (1549 a 1553) ainda no tempo das capitanias heredit\u00e1rias, para transporte e alimenta\u00e7\u00e3o. O prato Maria Isabel, assim como a pa\u00e7oca de carne de sol tamb\u00e9m do Nordeste; o arroz carreteiro (com charque ou carne seca) do Sul e o feij\u00e3o tropeiro (com torresmo e lingui\u00e7a) dos sert\u00f5es de S\u00e3o Paulo, Minas Gerais e Goi\u00e1s (esse no s\u00e9culo 17), s\u00e3o comidas que podiam ser armazenadas e transportadas em longas viagens. \u201cA l\u00f3gica \u00e9 tudo seco, porque se conseguia colocar em uma bolsa \u201d. Na hora da fome, a carne era picada e misturada. \u201odiam usar \u00e1gua para fazer reidrata\u00e7\u00e3o\u201d, assinala a professora de gastronomia. Al\u00e9m da prote\u00edna animal, outros ingredientes desses pratos comp\u00f5em nossa hist\u00f3ria. O arroz, do Maria Isabel, foi trazido da \u00c1sia pelos colonizadores portugueses. A farinha de mandioca tem origem ind\u00edgena, e o feij\u00e3o, ingerido pelo homem desde a antiguidade, tem esp\u00e9cies aut\u00f3ctones no Brasil e outros pa\u00edses americanos. Assim como a mandioca, usada na produ\u00e7\u00e3o da farinha e do beiju, os ind\u00edgenas trouxeram ao card\u00e1pio junino os pratos a base de milho. Iguarias provadas durante as festas, como a espiga cozida, curau, pamonha e canjica foram ensinados aos colonizadores pelos ind\u00edgenas. \u201ara os portugueses, milho era comida de animal. Foi muito dif\u00edcil aceitarem. aram a comer porque n\u00e3o tinha outra coisa\u201d, explica Luiza Buscariolli ao preparar um bolo de milho com goiabada para a\u00a0Ag\u00eancia Brasil. A conforma\u00e7\u00e3o desses pratos teve in\u00edcio antes do ciclo do a\u00e7\u00facar (come\u00e7ado ainda no s\u00e9culo 16), que ajudou a ado\u00e7ar muitas iguarias juninas, e bem antes do ciclo da minera\u00e7\u00e3o (s\u00e9culo 18) que se notabilizam pelo intenso uso de m\u00e3o de obra escrava violentamente traficada da \u00c1frica. Luiza Buscariolli sublinha que na condi\u00e7\u00e3o de escravo, eram restritas a autonomia dessas pessoas at\u00e9 para se alimentar. \u201cA possibilidade de escolher o que cozinhar e com que alimento vem depois da escravid\u00e3o. Ela nota, no entanto, que os negros ap\u00f3s o fim da escravid\u00e3o ir\u00e3o se ocupar de preparar e vender alimentos nas ruas em tabuleiros, como aqueles que ainda\u00a0hoje\u00a0vendem cocadas em \u00e1reas do litoral brasileiro - \u201cuma conserva de coco\u201d, como sabiam fazer os portugueses sob influ\u00eancia sa. Fonte:\u00a0\u00a0Gilberto Costa \u2013 Rep\u00f3rter da Ag\u00eancia Brasil","keywords":["Festas Juninas"," S\u00e3o Jo\u00e3o"," "],"name":"Festa junina \u00e9 aula de gastronomia e hist\u00f3ria","thumbnailUrl":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/wp-content\/s\/2019\/06\/comida-junina-sao-joao-150x150.jpg","wordCount":"558","timeRequired":"PT2M28S","mainEntity":{"@type":"WebPage","@id":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/2019\/06\/26\/festa-junina-e-aula-de-gastronomia-e-historia\/"},"author":{"@type":"Person","name":"Ag\u00eancia Brasil EBC","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/author\/agenciabrasil\/","sameAs":[],"image":{"@type":"ImageObject","url":"https:\/\/secure.gravatar.com\/avatar\/74ab75c9c99b3865acded579ea3318dcbd236f565e51e52c5d3b72b34b76e50c?s=96&d=mm&r=g","height":96,"width":96}},"editor":{"@type":"Person","name":"Ag\u00eancia Brasil EBC","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/author\/agenciabrasil\/","sameAs":[],"image":{"@type":"ImageObject","url":"https:\/\/secure.gravatar.com\/avatar\/74ab75c9c99b3865acded579ea3318dcbd236f565e51e52c5d3b72b34b76e50c?s=96&d=mm&r=g","height":96,"width":96}},"publisher":{"@type":"Organization","name":"Ag\u00eancia Sert\u00e3o","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com","logo":{"@type":"ImageObject","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/wp-content\/s\/2020\/12\/Logo-Agencia-Sertao-160x60-1.png","width":"160","height":"50"}},"speakable":{"@type":"SpeakableSpecification","xpath":["\/html\/head\/title","\/html\/head\/meta[@name='description']\/@content"]},"image":[{"@type":"ImageObject","@id":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/2019\/06\/26\/festa-junina-e-aula-de-gastronomia-e-historia\/#primaryimage","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/wp-content\/s\/2019\/06\/comida-junina-sao-joao-1200x800.jpg","width":"1200","height":"800"},{"@type":"ImageObject","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/wp-content\/s\/2019\/06\/comida-junina-sao-joao-1200x900.jpg","width":"1200","height":"900"},{"@type":"ImageObject","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/wp-content\/s\/2019\/06\/comida-junina-sao-joao-1200x675.jpg","width":"1200","height":"675"},{"@type":"ImageObject","url":"https:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/wp-content\/s\/2019\/06\/comida-junina-sao-joao-800x800.jpg","width":"800","height":"800"},{"@type":"ImageObject","url":"http:\/\/imagens.ebc.com.br\/s57QHOVET0YDj1wMo40j0t4yxzQ=\/754x0\/smart\/http:\/\/agenciasertao.informativomineiro.com\/sites\/default\/files\/thumbnails\/image\/professora_de_gastronomia_luiza_buscariolli_0.jpg?itok=_EV9JRLp","width":0,"height":0,"caption":"Professora de gastronomia Luiza Buscariolli"}]}]
Um eio entre as barracas de comida dos “arraiás” juninos pode render algumas calorias e, aos glutões caipiras mais curiosos, algum conhecimento sobre a formação cultural brasileira e a nossa culinária.
Quem explica é a professora de gastronomia Luiza Buscariolli, que leciona no Senac-DF e no UniCeub e ensinou aos leitores da Agência Brasil dois pratos típicos do São João. Segundo ela, os quitutes guardam a história dos portugueses e dos povos ameríndios que habitavam o país antes dos nossos colonizadores.
Professora de gastronomia Luiza Buscariolli – Agência Brasil/Marcello Casal Jr
“A gente sabe que havia algumas festas neste mês de junho que os indígenas faziam. Quando os jesuítas estiveram no Brasil [a partir de 1549], aproveitaram dessas festas para trazer a tradição [europeia] de festas juninas, que por sua vez eram uma apropriação das antigas festas pagãs por causa do solstício de verão, que no hemisfério sul é solstício de inverno”, revela.
Enquanto prepara uma porção do prato Maria Isabel, comida típica da região hoje conhecida como o Estado do Piauí, que mistura arroz com carne-de-sol, Buscariolli lembra que a iguaria guarda relação com o ciclo de gado iniciado pelos portugueses no Brasil (século 16). A atividade pecuária foi introduzida por Tomé de Souza, primeiro governador-geral (1549 a 1553) ainda no tempo das capitanias hereditárias, para transporte e alimentação.
O prato Maria Isabel, assim como a paçoca de carne de sol também do Nordeste; o arroz carreteiro (com charque ou carne seca) do Sul e o feijão tropeiro (com torresmo e linguiça) dos sertões de São Paulo, Minas Gerais e Goiás (esse no século 17), são comidas que podiam ser armazenadas e transportadas em longas viagens.
“A lógica é tudo seco, porque se conseguia colocar em uma bolsa [de couro]”. Na hora da fome, a carne era picada e misturada. “Podiam usar água para fazer reidratação”, assinala a professora de gastronomia.
Além da proteína animal, outros ingredientes desses pratos compõem nossa história. O arroz, do Maria Isabel, foi trazido da Ásia pelos colonizadores portugueses. A farinha de mandioca tem origem indígena, e o feijão, ingerido pelo homem desde a antiguidade, tem espécies autóctones no Brasil e outros países americanos.
Assim como a mandioca, usada na produção da farinha e do beiju, os indígenas trouxeram ao cardápio junino os pratos a base de milho. Iguarias provadas durante as festas, como a espiga cozida, curau, pamonha e canjica foram ensinados aos colonizadores pelos indígenas.
“Para os portugueses, milho era comida de animal. Foi muito difícil aceitarem. aram a comer porque não tinha outra coisa”, explica Luiza Buscariolli ao preparar um bolo de milho com goiabada para a Agência Brasil.
A conformação desses pratos teve início antes do ciclo do açúcar (começado ainda no século 16), que ajudou a adoçar muitas iguarias juninas, e bem antes do ciclo da mineração (século 18) que se notabilizam pelo intenso uso de mão de obra escrava violentamente traficada da África.
Luiza Buscariolli sublinha que na condição de escravo, eram restritas a autonomia dessas pessoas até para se alimentar. “A possibilidade de escolher o que cozinhar e com que alimento vem depois [do fim] da escravidão. Ela nota, no entanto, que os negros após o fim da escravidão irão se ocupar de preparar e vender alimentos nas ruas em tabuleiros, como aqueles que ainda hoje vendem cocadas em áreas do litoral brasileiro – “uma conserva de coco”, como sabiam fazer os portugueses sob influência sa.
Fonte: Gilberto Costa – Repórter da Agência Brasil